Guarda Chuva

Para onde se vai depois que o sol se põe? E o que se faz enquanto não nasce outro? Outro que é o mesmo, nunca cansado de fazer sempre o mesmo movimento.

Em que se pensa? Quantas alternativas se têm em uma vida, além de nascer, viver e morrer?

Eu queria parar a chuva para que ele não se molhasse, mas ele já havia partido, e eu não mando nos céus, então corri atrás com um guarda chuvas. Em dias frios como estes, é perigoso adoecer. Eu só tinha uma chance de encontrá-lo, para isso tinha que tomar o caminho certo. O problema era que a certeza de estar na direção certa não era suficiente, se eu não o visse naquele momento, talvez não o visse nunca mais. Eu não tinha tempo, só uma breve esperança, se tivesse qualquer outro motivo, juro que não iria. Nem pelo próprio amor me arriscaria, a única coisa que eu queria, era que ele pudesse respirar em outros dias. Acreditava que podia dar certo! Se não fosse verdade eu seria tola, mas se fosse e eu não tivesse credo seria tola do mesmo jeito.

Estava nas ruas com um blusão, vinham águas de todos os lados, vi sonhos indo com elas, vi o quanto eram rosa, as águas nos olhos das meninas, o quanto geladas eram nos dias de calor, vi a sede morta de muita gente que já não tem mais vida, vi uma senhora abraçada com um senhor. Mas onde eu estava agora? Nas profundezas da alma, talvez. Vi de longe alguém que lentamente caminhava, entreguei o guarda chuva sem mesmo ver a face, e voltei para a minha casa.

Eu tenho sorte de estar bem, não são todos que tem. Mas agora temo que esta pessoa, mesmo tendo meu guarda chuva, tenha sido arrastada pelas enxurradas! Eu não posso ver, está escuro lá fora. Até que o sol nasça nunca saberei nada, nem mesmo se entreguei o objeto certo para a pessoa certa

Taty Sbrugnara
Enviado por Taty Sbrugnara em 14/08/2011
Código do texto: T3159630
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