VÍCIO ANTIGO
Aqui em casa temos uma irresistível mania de batizar objetos e animais com nomes próprios!
Lá no sítio, em Nova Friburgo, acontecia isso com galinhas, patos, ovelhas e cães, que por isso, morriam de velhos. Tinha gente que, de propósito, irritava a Lee, minha mulher, e confessava que estava de olho na Cotinha, uma bela e gorda galinha.
- Nem pensar, seu maldito! Você acha que eu sou o que, canibal, antropófaga ? Pode tirar seu cavalinho da chuva!
Aquí no Rio, devido à quase impossibilidade de termos seres animados, a coisa pega pra cima de todos os objetos.
Então, temos:
D. Branca - a geladeira.
Belinha e Godô - os bichinhos de pelúcia.
Petit Maurice - o meu carro Peugeot
Rotunda - a impressora
Negão - o PC
Salvador - o despertador
Glorinha - a máquina de lavar roupa
...e por aí vai!
Agora, escutem só a conversa telefônica da Lee comigo - ela dentro de um taxi no meio desse maravilhoso transito do Rio;
-Oi, bem ...como está tudo? Do mesmo jeito que você deixou quando saiu de viagem. O que é que ouve? Tudo e mais um pouquinho... tá, já vou contar, seu nervosinho.
Olha só; D Branca tá dando chilique de novo...é... aquela tossezinha de costume.
Belinha tá que nem doida procurando Godô, que, simplesmente sumiu.
Rotunda, não tem jeito, voltou a mania de comer papel.
O Negão, esse tá brabo - continua se negando a seguir as ordens que lhe dou e, quando insisto ele, descaradamente, desliga, finge que não está entendendo nada.
Salvador, pela enésima vez, me deixou na mão e perdi a consulta médica.
Ah, o que? ...a Glorinha? Bem, essa você sabe, agitada como sempre e agora deu pra pular.
Fora isso, querido, sem novidade no front. Ah, mas tem outra coisa: você tem que cuidar do Maurice, arrancá-lo de dentro daquela oficina de qualquer jeito!
O que? Isso tem que ser logo, Sampa (sou eu).
Ou você larga dessa mesmice ou eu mato você!
A essa altura, o motorista (um olho no transito e outro no retrovisor) não pode deixar de pensar:"tão jovem e já com família numerosa e que, pelo jeito, só tem pestinhas. Um tem tosse, outro tomou chá-de-sumiço, aquela com nome esquesito cismou de comer papel. Tem um que é mal educado, outro não comparece como deveria, Glorinha deu de pular e o de nome estrangeiro não quer sair de jeito nenhum da oficina. Céus! Ainda por cima, o queridão aí, o sem-vergonha com aquele nome ridículo, ainda tá tendo um caso com a tal de Mesmice. Tadinha da Madame!
Aqui em casa temos uma irresistível mania de batizar objetos e animais com nomes próprios!
Lá no sítio, em Nova Friburgo, acontecia isso com galinhas, patos, ovelhas e cães, que por isso, morriam de velhos. Tinha gente que, de propósito, irritava a Lee, minha mulher, e confessava que estava de olho na Cotinha, uma bela e gorda galinha.
- Nem pensar, seu maldito! Você acha que eu sou o que, canibal, antropófaga ? Pode tirar seu cavalinho da chuva!
Aquí no Rio, devido à quase impossibilidade de termos seres animados, a coisa pega pra cima de todos os objetos.
Então, temos:
D. Branca - a geladeira.
Belinha e Godô - os bichinhos de pelúcia.
Petit Maurice - o meu carro Peugeot
Rotunda - a impressora
Negão - o PC
Salvador - o despertador
Glorinha - a máquina de lavar roupa
...e por aí vai!
Agora, escutem só a conversa telefônica da Lee comigo - ela dentro de um taxi no meio desse maravilhoso transito do Rio;
-Oi, bem ...como está tudo? Do mesmo jeito que você deixou quando saiu de viagem. O que é que ouve? Tudo e mais um pouquinho... tá, já vou contar, seu nervosinho.
Olha só; D Branca tá dando chilique de novo...é... aquela tossezinha de costume.
Belinha tá que nem doida procurando Godô, que, simplesmente sumiu.
Rotunda, não tem jeito, voltou a mania de comer papel.
O Negão, esse tá brabo - continua se negando a seguir as ordens que lhe dou e, quando insisto ele, descaradamente, desliga, finge que não está entendendo nada.
Salvador, pela enésima vez, me deixou na mão e perdi a consulta médica.
Ah, o que? ...a Glorinha? Bem, essa você sabe, agitada como sempre e agora deu pra pular.
Fora isso, querido, sem novidade no front. Ah, mas tem outra coisa: você tem que cuidar do Maurice, arrancá-lo de dentro daquela oficina de qualquer jeito!
O que? Isso tem que ser logo, Sampa (sou eu).
Ou você larga dessa mesmice ou eu mato você!
A essa altura, o motorista (um olho no transito e outro no retrovisor) não pode deixar de pensar:"tão jovem e já com família numerosa e que, pelo jeito, só tem pestinhas. Um tem tosse, outro tomou chá-de-sumiço, aquela com nome esquesito cismou de comer papel. Tem um que é mal educado, outro não comparece como deveria, Glorinha deu de pular e o de nome estrangeiro não quer sair de jeito nenhum da oficina. Céus! Ainda por cima, o queridão aí, o sem-vergonha com aquele nome ridículo, ainda tá tendo um caso com a tal de Mesmice. Tadinha da Madame!