1942 Um ano Inesquecível para o Futebol Paulista
1942 foi o primeiro ano da Federação Paulista de Futebol. Até 1941 a entidade do futebol tivera outras denominações como LAF e APEA.
Muitas coisas aconteceram nesse ano de 1942. O São Paulo F C formara um esquadrão para ganhar o certame. Somente com a contratação de Leônidas da Silva, na época o jogador mais caro do Brasil, o São Paulo gastou 200 contos de réis, uma fortuna.
Também o Palestra Itália teve de trocar o seu nome, por ordem de Getúlio Vargas, ditador do Brasil, devido a uma guerra mundial estar acontecendo. Muitos clubes trocaram de nome, e então surgiu o Palmeiras e o Palestra Itália ficou no passado. O Palmeiras tinha um grande time e a disputa do certame com o S C Corinthians Paulista e o São Paulo F C foi muito equilibrada e o título só resolvido no penúltimo jogo entre o Palmeiras e o São Paulo.
A vitória coube ao Palmeiras por 3 x 1. A semana que antecedeu á partida foi de muita tensão, porém. Os torcedores do São Paulo começaram a chamar os torcedores do Palmeiras de quinta coluna (numa alusão a que todo torcedor ou dirigente do Palmeiras seria adepto da Itália na II Guerra Mundial, que acontecia na Europa e no Pacífico, como aliada da Alemanha e do Japão, totalmente contra os propósitos do Brasil que era a favor dos aliados Estados Unidos, Inglaterra, França e demais países ocupados pelas forças do ”Eixo”.).
Os são-paulinos incitados pelo fervor patriótico, sob o comando do Capitão Porfírio da Paz, iriam receber o Palmeiras com muitas vaias, e poderia haver muita violência entre as torcidas.
O que fez o Palmeiras? Tinha na diretoria muitos brasileiros e os que eram italianos amavam o Brasil pois apenas haviam nascido na Itália. Suas famílias e tudo o que tinham haviam sido formadas no Brasil, em São Paulo.
Então, quando o Palmeiras entrou em campo, à sua frente vinha o capitão do exército Adalberto Mendes, e os jogadores do Palmeiras entraram segurando uma grande bandeira do Brasil. Naquele instante, o que seria vaia virou uma grande salva de palmas.
O jogo em si transcorreu muito equilibrado com gols de Cláudio, Vergílio (contra) e Echevarrieta para o Palmeiras e Valdemar de Brito, para o São Paulo.
Quando o Palmeiras já vencia por 3 x 1 o jogador Vergílio, do São Paulo, deu uma entrada violenta em Og Moreira e o arbitro Jaime Janeiro o expulsou e marcou penalidade máxima. A equipe do São Paulo não concordando com a marcação da penalidade deixou o campo de jogo, aos 20 minutos do segundo tempo. Por muito tempo o São Paulo passou a ser chamado de time fujão, pelas outras torcidas.
Naquela tarde no Pacaembu, com mais de 60 mil torcedores e na qual a vitória deu o título paulista de 1942 à S. E. Palmeiras, os quadros foram os seguintes: S. E. Palmeiras – Oberdam, Junqueira e Beluomini; Zezé Procópio, Og Moreira e Del Nero; Cláudio, Valdemar Fiúme, Viladonica, Lima e Echevarrieta. O São Paulo F. C. – Doutor, Piolim e Vergílio; Lola, Silva e Noronha; Luizinho, Valdemar de Brito, Leônidas da Silva, Remo e Pardal.
Curiosidades: Zezé Procópio veio do Botafogo do Rio de Janeiro, em 1942, para o Palmeiras e entre 1942 e 1949 foi 4 vezes campeão paulista jogando pelo Palmeiras e também pelo São Paulo. Foi um grande jogador que atuou na Copa do Mundo de 1938, na França. Naquele tempo ninguém ficava beijando o emblema da camisa e os outros clubes não eram tratados como inimigos, mas sim adversários.
Luizinho, do São Paulo jogou vários anos no Palestra Itália, Beluomini jogou vários anos no Corinthians, Cláudio Cristóvão do Pinho jogou pelo Santos F.C., pelo Palmeiras, pelo Corinthians e pelo São Paulo F. C., sempre com o mesmo brilho e dedicação.
Og Moreira atuou vários anos pelo América F.C. e pelo Fluminense F.C., do Rio de Janeiro. Em 1942 estava no Palmeiras onde jogou por outros tantos anos. Encerrou sua carreira no C. A. Juventus e no Nacional A. C. (o antigo SPR, São Paulo Railway), ambos da capital paulista.
Remo foi um grande meia esquerda do São Paulo. Até 1939 pertencia ao Santos F.C. Na época, o cronista Tomaz Mazoni o apelidou de “o Napoleãozinho”, o grande construtor de jogadas do meio de campo. Remo jogou no São Paulo até 1951, sempre com muito brilho.