A maior das perdas

Tenho em mim a certeza que a maior das perdas não é a morte e sim o que existe e deixa de fazer sentido dentro de cada um toda vez que a lembrança do que foi vem à mente. A par disso, como posso definir um órfão lamentando a ausência de seu pai morto dias antes do seu nascimento? Complicado. Tenho em mim que este ser teria tudo levar uma vida serena sem sentir falta do que nunca teve mas dai 'sobreviver' ouvindo dia após dia o ocorrido atribuindo a Deus toda sorte de desventura, um pesadelo cotidiano a ser encarado com um sorriso no rosto.

Já não bastassem as convulsões atormentando seu interior desde tenra infância, o sentimento de impotência frente à realidade associado a “vontade de Deus” era algo difícil de se engolir. Será que a maldição da ‘pobre viúva’ seria ter um filho retardado nascido nos confins do inferno sem direito a sonhos muito menos um chão? Pois era essa a realidade vivida dia após o outro sem expectativa de nada – no máximo um “breve desfalecimento” como prisioneiro vivendo sua historia dentro de seu corpo, este sim a verdadeira prisão.

Bem verdade perguntei a Deus qual Seu propósito ao deixar uma viúva com um filho na barriga e outro de três anos e pouco nas mãos, porem o tempo provou ser mais proveitoso entregar as preocupações à tarefa de construir (e não reconstruir) tijolo por tijolo o que resta partindo de uma base possível e não da imaginaria feito os Senhores de uma sociedade (espanhola) chamada amanhã.

Manoel – 14/08/2011 – 02:06h

Manoel
Enviado por Manoel em 14/08/2011
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