DE PRIMEIRA VIAGEM

     Não é pelo “Dia dos Pais”, pois que sou pai todos os dias. Nesta especial condição a menos de um ano, exercito habilidades precedidas de emoções a cada instante em que me ponho à prova como “pai de primeira viagem”.

     Esse aprendizado antecedeu ao nascimento do meu filho. Nove meses de “estágio supervisionado” foi o pré-natal, quando, além de Márcia, também me senti grávido. Toda aquela fase preparatória, de consultas, exames, ultra-sonografia, acompanhando-a, fez-me de alguma forma vivenciar aquela gestação desde o momento em que soube que iria ser pai. E, de fato, pai me senti de imediato. Minhas emoções eram crescentes como a barriga daquela a quem eu engravidara, acariciando-a para sentir-lhe as vibrações, as mexidas do bebê. Mais que simples contatos, ali se estabeleceram os primeiros diálogos na relação pai e filho. E quando dele ouvi as batidas do coração, ali na frente do médico chorei. Claro, para um pai de primeira viagem tudo é emocionalmente novo e até é permitido alguns micos: quando a ultra-sonografia confirmou o sexo do bebê e o médico apontando para o pintinho do meu filho disse-me, “é um menino”, incontidamente feliz e exaltado exclamei: é macho! É macho! Nada de machismo; coisa de pai de primeira viagem.

     Depois, quando chega “a hora”, o grande teste. É ali que o ”cabra” se mostra macho ou não. Mais que na hora de fazer o filho, mais sério e emocionante é vê-lo nascer. E é naquele momento também que, se o pai é um homem de verdade, compreende, sente e sofre as dores, as contrações da sua mulher, prestes a dar-lhe um filho. Será que um homem com igual paciência faria aquele exercício respiratório para aliviar-se do sofrimento? Homem é bicho mole pra dor. Principalmente aquela dor no saco, justamente o saco, que com certeza dói tanto ou mais do que o útero.

     Volto a chamar de especial a condição de pai. Sim, em nada menos importante do que a de mãe. E não é só pelos laços do afeto, proteção, sustento e educação. É também no compartilhamento de tarefas, aprendendo e fazendo tudo. Pegar o filho, pô-lo nos braços, fazê-lo dormir de madrugada, saber higienizá-lo, trocar-lhe a fralda, passar aquele cremezinho entre as virilhas, tudo isso depois de um banho. Sim, um pai a banhar o filho!... Pensa que eu não sei? Claro que isso não é da minha rotina, pois além da mãe há alguém para esses cuidados. Mas tudo isso exercitei para, quando necessário, pôr em prática. Ser pai é tudo isso, também. Assim é mais bonito e agradável ver o filho crescer, sair orgulhosamente com ele a tantos lugares, exibi-lo aos amigos igualmente pais de primeira viagem ou não, e também aos que ainda não passaram por essa experiência, esta indescritível, emotiva e especial condição de ser pai. E pai de primeira viagem.



LordHermilioWerther
Enviado por LordHermilioWerther em 14/08/2011
Código do texto: T3158745
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