OUVINDO SÓ O QUE INTERESSA !


Taís é a manicure que faz minhas unhas com muita perfeição. É falante, bonita, uma genuína brasileira, morena, cabelos pretos, olhos grandes e vivos. Enquanto elimina as cutículas de minhas unhas, vai contando um novo capítulo de sua vida.
O noivo de muitos anos a deixou, foi morar no Rio de Janeiro. Mas ela aconselhando-se com o representante Mor de sua fé, está confiante que ele volte, pois seu conselheiro de fé, tem o dom de profetizar e disse a ela que seu noivo volta, é só saber esperar.
Quando ela para de falar, e me pergunta o que eu acho.
Respondo: que não sei.
Digo que me guio pelo raciocínio, já que não tenho dons especiais, mas penso que se ele realmente a amasse tanto, não a deixaria na mão. Inclusive teria medo de perdê-la, já que ela é uma moça bem bonita.
Ela, fica só com a últimas palavras, (de que é bem bonita) e desconsidera as outras.
Penso que Taís, faz o que nós fazemos muitas vezes. Ouvimos somente o que nos interessa, o que queremos, de uma conversa.

Outro dia falando com uma amiga de mais de três décadas de amizade. Alertava-a sobre um assunto delicado, de interesse dela.
Assunto que a gente só fala pra amiga do peito mesmo, senão a gente faz como Pilatos, "lava as mãos" e deixa a vida seguir.
Mas, diante dos argumentos dela, percebi que ela não se focava no centro da questão em pauta. Ficava se atendo a detalhes que não era o foco de importância do assunto em questão.
Percebi claramente que ela ouvia o que queria e deletava o restante, antes mesmo de penetrar em seus ouvidos.

Tenho procurado ficar atenta pra não fazer o mesmo, muitas são as formas de nos chegar ajuda, um toque aqui outro acolá, mas se estivermos displicentes ou renitentes em enxergar determinadas coisas que estão acontecendo ao nosso redor, deixamos passar a valiosa ajuda, e morremos na praia como se diz por aí.

Ouvir é essencial pra todos nós, escutar é mais ainda.
Nossa constituição física já nos mostra isso, temos dois ouvidos pra ouvir e uma boca pra falar.
Assim mesmo creio que a maioria de nós, mais fala do que realmente escuta.
Uma pena, pois com esse modelo a Taís vai continuar a ouvir somente o que quer do chefe de sua religião. Minha amiga idem em relação ao que lhe falei.
E eu!? Quantas vezes será que não estou fazendo o mesmo!?

Lenapena
Enviado por Lenapena em 13/08/2011
Reeditado em 07/11/2011
Código do texto: T3157302