O magnífico teatro aberto das campanhas eleitorais

Mergulhada em grande ignorância, a população brasileira começa a assistir ao magnífico teatro aberto das campanhas eleitorais. Os cenários já estão montados: comitês, fotos, adesivos, bandeiras, faixas e inúmeros perfis nas redes sociais, como Twitter e Facebook.

Luzes acesas e câmeras ligadas! Os sorrisos estampados nos cartazes são parecidos com o do Coringa, personagem do filme Batman, petrificados em rostos joviais e sedutores, que parecem querer dizer: “Confie em mim! Sou seu amigo!”.

E trata-se de um teatro em que os eleitores não são simples espectadores: eles participam! Alguns poucos, mais preparados politicamente, questionando, debatendo, trocando idéias com os candidatos; mas a maioria, infelizmente, como simples fantoches, manipulados pela habilidosa trama das imagens, pela complexa estrutura de marketing montada pelas empresas e profissionais da Propaganda, contratados simplesmente para atrair o maior número de eleitores possível para os candidatos.

O educador Rubem Alves, em um artigo publicado em seu site diz que “o povo é movido pelo poder das imagens e não pelo poder da razão. Na verdade, quem decide as eleições são os produtores de imagens. Os partidos tratam de comprar, a preço de ouro, os melhores produtores de imagens. Os votos, nas eleições, dizem quem é o melhor produtor de imagens”.

Concordo com o Rubem Alves. Mas não devia ser assim. Seria maravilhoso, como ele próprio afirma, “se o povo agisse de forma racional, segundo a verdade e segundo os interesses da coletividade”.

Mas se a maioria do povo não está preparada para isso é porque lhe falta (entre outras coisas) uma educação de qualidade. No precário sistema educacional brasileiro, faltam professores competentes, capazes de conduzir um ensino investigativo, analítico e crítico, que possa formar um cidadão participativo, consciente dos seus direitos e deveres, e não simplesmente uma mão de obra barata e dócil, incapaz de questionar.

E a ignorância facilita muito o trabalho dos produtores de imagens e suas práticas de engano nas campanhas eleitorais. Manipular uma simples massa de manobra é muito mais fácil do que convencer uma população educada e crítica, que lê e analisa o que lê; que assiste aos noticiários e critica as imagens construídas, as interpretações e intenções por trás das cenas e discursos.

Infelizmente, quem se enquadra nesse perfil ideal de eleitor é apenas uma elite no Brasil (que, na maioria das vezes, vai defender os seus interesses de classe). São os que estudaram em colégios particulares na capital (porque os do interior não são tão diferentes dos colégios públicos, devido à carência crônica de bons professores), ou aqueles que, mesmo predestinados à ignorância, conseguiram superar os enormes obstáculos de sua condição e se autoeducaram na luta pela Cidadania.

Prezado eleitor de Pará de Minas... Não se deixe seduzir pelas imagens, pelos sorrisos, pela “bondade” de candidatos que, na maioria das vezes, querem apenas o seu voto. Tente separar o joio do trigo e identificar quem é mais sincero, mais verdadeiro, quem realmente se preocupa com a coletividade e não com o seu próprio patrimônio (ou de parentes e amigos) e com o seu próprio poder. Olhe bem nos olhos daquele que aperta a sua mão, que te abre um sorriso, que te dirige algumas palavras de simpatia, de solidariedade, de amizade. Tente distinguir a verdade da pura encenação, a sinceridade da simples estratégia de propaganda. Não se venda. Não seja enganado...

E que Deus nos abençoe.