Fala, Brasil
Fala, Brasil
O Brasil está aí
E ainda nem foi descoberto.
Tem muita gente morrendo,
Tem muita gente matando,
Tem muita gente sofrendo,
Tem muita gente roubando
O tesouro que há por perto.
São riquezas escondidas
Na ignorância dos pobres,
Na ganância dos mais ricos,
Na fraqueza dos oprimidos
No medo dos perseguidos,
Na máscara de tantos bandidos
Que andam soltos por aí.
O Brasil está aí
E ainda nem foi demarcado,
Estão vendendo aos pouquinhos
E separando em currais
Esse povo que nem geme,
Quando o marcam no peito,
Como se marca animais.
O Brasil está aí
E ainda nem foi castigado
Pela sua impunidade,
Pela sua covardia,
Pela sua inguenuidade.
Acorda, Brasil!
Abra os braços ao seu povo
E renegue esses mercenários
Que ousam ostentar no peito,
Essa faixa verde-amarela,
Passaporte para a tirania.
Você está aí, Brasil,
E finge que não vê
Esse povo massacrado,
Seu sonho pisoteado,
Seu suor sendo explorado,
Seu sangue sendo sugado,
Tudo em nome do poder.
Fala, Brasil!
Onde esconde a sua voz?
Na vergonha da culpa
Ou no silêncio dos inocentes?
Eu só sei que não há voz ainda,
Capaz de ecoar um basta
Diante do céu poluído,
Das matas que são queimadas,
Das águas apodrecidas.
Eu só vejo o silêncio
Na face encovada da fome
Que marca essa gente sofrida.
Ninguém pode ouvir sua voz,
Porque a mordaça é forte,
Porque o seu pulso é fraco,
E porque os surdos, somos nós.