Seres de luz
Nós, seres humanos, somos raios de luz. Cada um com sua cor específica, única.
Em nossos relacionamentos, nós nos misturamos momentaneamente com as outras luzes, formando uma cor diferente. Se, por exemplo, tomarmos um facho de luz azul e o projetarmos sobre um facho amarelo, a resultante será uma cor diferente das duas. Mas, ao afastá-los, imediatamente o facho azul voltará a ser azul, e o amarelo voltará a ser amarelo. Não teremos um azul amarelado ou um amarelo azulado, mas puro azul e puro amarelo.
Não somos como ingredientes de uma receita que, ao serem misturados, formam uma massa, uma outra espécie de ser que jamais retornará aos ingredientes originais. Assim, como há infinitas nuances de cor, há também infinitas individualidades humanas, mas nenhuma precisa da outra para existir, para brilhar com sua luz própria, com sua nuance única. Todas as cores são igualmente brilhantes e importantes na formação do espectro solar; todos os seres humanos são igualmente brilhantes e importantes na obra do Criador.
Se uma das cores pudesse se transformar em outra, provocaria uma lacuna no espectro, uma deformação, uma carência que não poderia ser suprida por nenhuma outra cor. Como seria o arco-íris sem o vermelho, ou o amarelo, ou o violeta? Incompleto, obviamente. Assim, quando um ser humano se anula, tentando ser como outro, ou tentando viver a vida de outro, há uma deformação na obra como um todo. Há uma carência, um buraco que não pode ser preenchido por outro ser humano, senão imperfeitamente.
Todos são como devem ser, nem melhores nem piores do que os outros. Quando tentamos ser melhores anulamos o outro que julgamos ser inferior, e a lacuna se forma. Quando nos julgamos inferiores, nós é que nos anulamos e provocamos a lacuna, tentando ser como os que julgamos superiores a nós. O equilíbrio só é possível quando todos se assumem como são, como numa orquestra. Se o violino quiser ser como o piano, ou se a corda pretender copiar o som da percussão a peça sinfônica será destruída, não haverá aquela harmonia necessária, com cada instrumento fazendo o seu papel e, juntos, a maravilhosa música.
No amor, como nos outros relacionamentos, juntamo-nos a outras pessoas para criar outras nuances, outros sons, outros acordes. Todas as misturas são possíveis; os relacionamentos criam situações e experiências novas para todos os envolvidos.
Amamos quando nos misturamos aos outros seres sem perdermos nossa individualidade, sem nos diminuirmos ou nos transmutarmos em outra coisa. Amamos quando somos plenos, e essa plenitude é nosso maior dom. Essa plenitude é infinita, não diminui quando nos doamos aos outros seres, às outras coisas da vida.
Amar é dar sem que se esgote, é expandir sem ocupar espaços alheios, é receber sem alterar nossa individualidade, nossa essência. A essência é inalterável, porque já é perfeita.