Espelho embaçado
Em alguns momentos ficamos cegos sobre o que se passa. Vemos os fatos e, quando muito, parece que estamos diante de um espelho embaçado. Sabemos que há algo a mais, mas teimamos em não ver, porque parece cômodo ter a visão distorcida, de acordo com a nossa conveniência. Chega a ser cômico, com o passar do tempo, relembrar de determinadas situações, ou poderemos sentir tristeza, arrependimento ou culpa por não enxergar o que, para outros, era óbvio. O outro pode mostrar, apontar, retirar a cortina, quer dar um polimento no espelho, mas não se aceita, porque a verdade parece ser ao nosso modo e relutamos ou rejeitamos o que é mostrado. Poderá ser fraqueza? Comodismo?
Roberto da Matta fala que “os defeitos são dimensões da proximidade, já as qualidades surgem com a distância contida na saudade, na generosidade e na compaixão.” Creio que, também, os defeitos podem ser percebidos de forma melhor com a distância. É verdade que o cotidiano leva você a perceber quem é o outro, suas diferenças e o que em comum há com a sua forma de pensar e agir no mundo.
Creio que tudo é contextualizado, em relações humanas. Dizia o grande mestre Freud, para ilustrar algumas de suas teorias, que tudo há um sentido, uma razão que motiva o homem e não se pode deixar de perceber a experiência que cada um traz, citando um exemplo, ao “mostrar um dia um cartão-postal que representa um matuto num quarto de hotel; ele tenta apagar uma lâmpada elétrica como se fosse uma vela”. Acrescenta Freud, dando uma lição aos psicanalistas: “Se atacarem o sintoma diretamente, estarão agindo como este homem. Devem procurar o interruptor.” Pelo bom senso sabemos que ninguém age à toa, há sempre uma motivação que impulsiona o ato. Em muitas ocasiões pode acontecer de haver dificuldades em enxergar determinada circunstância. Nestas ocasiões o psicólogo e/ou psicanalista possui meios para apontar onde está o interruptor e como ligá-lo. A verdade está lá. O não enxergar tem suas razões e não incomum deixar o espelho sem nitidez.
Quando há um determinado momento na vida que parece impor que a nossa vida seja reavaliada, impulsionada por vezes por uma inquietação, um sofrimento, uma incompreensão, uma culpa, uma fraqueza, uma impotência aparente ou um conflito, é bom saber que se pode contar com uma escuta profissional, para fazer enxergar que a luz elétrica tem a mesma função de clarear que a vela, mas a potência e o mecanismo são outros. Mesmo à custa de um relativo sofrimento com descobertas feitas e a vontade de mudar, de transformar o que incomoda, causa alívio e traz a consciência do poder que há em nós, podendo enxergar o espelho límpido e também o que ele reflete de verdade.
Create PDF
Em alguns momentos ficamos cegos sobre o que se passa. Vemos os fatos e, quando muito, parece que estamos diante de um espelho embaçado. Sabemos que há algo a mais, mas teimamos em não ver, porque parece cômodo ter a visão distorcida, de acordo com a nossa conveniência. Chega a ser cômico, com o passar do tempo, relembrar de determinadas situações, ou poderemos sentir tristeza, arrependimento ou culpa por não enxergar o que, para outros, era óbvio. O outro pode mostrar, apontar, retirar a cortina, quer dar um polimento no espelho, mas não se aceita, porque a verdade parece ser ao nosso modo e relutamos ou rejeitamos o que é mostrado. Poderá ser fraqueza? Comodismo?
Roberto da Matta fala que “os defeitos são dimensões da proximidade, já as qualidades surgem com a distância contida na saudade, na generosidade e na compaixão.” Creio que, também, os defeitos podem ser percebidos de forma melhor com a distância. É verdade que o cotidiano leva você a perceber quem é o outro, suas diferenças e o que em comum há com a sua forma de pensar e agir no mundo.
Creio que tudo é contextualizado, em relações humanas. Dizia o grande mestre Freud, para ilustrar algumas de suas teorias, que tudo há um sentido, uma razão que motiva o homem e não se pode deixar de perceber a experiência que cada um traz, citando um exemplo, ao “mostrar um dia um cartão-postal que representa um matuto num quarto de hotel; ele tenta apagar uma lâmpada elétrica como se fosse uma vela”. Acrescenta Freud, dando uma lição aos psicanalistas: “Se atacarem o sintoma diretamente, estarão agindo como este homem. Devem procurar o interruptor.” Pelo bom senso sabemos que ninguém age à toa, há sempre uma motivação que impulsiona o ato. Em muitas ocasiões pode acontecer de haver dificuldades em enxergar determinada circunstância. Nestas ocasiões o psicólogo e/ou psicanalista possui meios para apontar onde está o interruptor e como ligá-lo. A verdade está lá. O não enxergar tem suas razões e não incomum deixar o espelho sem nitidez.
Quando há um determinado momento na vida que parece impor que a nossa vida seja reavaliada, impulsionada por vezes por uma inquietação, um sofrimento, uma incompreensão, uma culpa, uma fraqueza, uma impotência aparente ou um conflito, é bom saber que se pode contar com uma escuta profissional, para fazer enxergar que a luz elétrica tem a mesma função de clarear que a vela, mas a potência e o mecanismo são outros. Mesmo à custa de um relativo sofrimento com descobertas feitas e a vontade de mudar, de transformar o que incomoda, causa alívio e traz a consciência do poder que há em nós, podendo enxergar o espelho límpido e também o que ele reflete de verdade.
Create PDF