EXECUÇÃO DE UMA GUERREIRA. JUÍZA PATRÍCIA ACIOLI.

Acordo sete horas da manhã. Quem me telefona pede desculpas por telefonar nesse horário. “Celso, desculpe, mas está dando toda hora na CNN, mataram Patrícia em Niterói em frente à casa dela, foi executada”.

Não acredito... Minha mulher fica sobressaltada.

Ontem saí com dois amigos, meu primo Paulo e Pery, o tio de Patricia.

Digo para meu primo durante o almoço, “Paulinho, fico satisfeito por minha filha (também de nome Patricia e trabalhando na justiça, não como promotora, como pensou ser, mas como servidora) não ter levado em frente a ideia de ser promotora, embora tenha se colocado bem na escola da promotoria para se preparar para o concurso.

Falo então, lembrado ainda agora por seu tio no telefone: " Paulinho, quando encontro Patrícia, sobrinha do Pery, ela me apresenta festiva dizendo “este é a minha escola”, e diz: Dr. Celso, vou à manicure com escolta, isso é vida”.

Pergunto ao Pery; “ela continua com escolta? Ele responde que sim.

Pela manhã, depois do fato, me diz que não sabia que tinham suspendido a escolta, quando telefonei atônito diante da miserável surpresa.

Ontem estava sem escolta, suspenderam sua proteção. Foi executada friamente quando voltava de seu trabalho, tinha encerrado uma sessão de júri, onze da noite.

Lembro de seu pai ir ao meu gabinete pedir que a guerreira Patricia lá fosse estagiar, estava acompanhado de um ministro do STJ. Disse ao seu pai, João, "não precisava vir com um ministro, a Patricia tem seu destino a esperá-la.".

Enormemente estudiosa, batalhadora inesgotável,ficou me assessorando em audiências batendo ao vivo minhas sentenças ditadas durante a assentada.

Em pouco tempo era defensora pública, uma guerreira estudiosa, uma incansável em seus objetivos, com denôdo seguindo sua esplêndida jornada, logo após juíza em concurso de provas e títulos.

Morreu voltando do trabalho, morta pelos mesmos criminosos que combatia para dar à sociedade mais paz e menos violência.

Não posso dizer mais nada, não tenho condições, faço um registro e uma pobre homenagem, somente proclamar minha revolta para com aqueles que tiraram sua escolta necessária diante de frequentar a guerreira as listas de bandidos onde estava apontada para execução.

Deixo meu pranto mudo a quem foi mais um mártir desse podre mundo em que vivemos.

Que Deus a tenha abrigada na paz que você não conseguiu para a sociedade Patrícia, ela não te merecia.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 12/08/2011
Reeditado em 19/01/2012
Código do texto: T3155255
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