CAMINHAR enquanto espero dos ovinhos o nascimento...
 
 
 
Venci a inércia e saí. Andei sem cansar pela Rua Conde de Lages, virei pela Avenida Augusto Severo na calçada cheia de passantes, atravessei a rua em direção ao relógio da Glória e por ele passei.   Funcionava. Lindo e bem conservado. Contornei-o e fui para a praça sob as árvores. Bom aquilo. Não sei por que sou tão preguiçosa de andar. Aliás, sei, é mau hábito mesmo de fazer tudo sedentariamente sentada ou deitada. É horrível isto e vem de longa data. Mas andei, olhando minuciosa e interessadamente cada coisa, cada árvore e sua copa, as parasitas penduradas com fartura, o chão bom de pisar e uns poucos transeuntes caminhantes também.
Sentei um pouquinho num banco da Praça Paris, velha amiga, olhando tudo com atenção calma, só vendo cada detalhe.
É bom este olhar, é coisa meio que expressão do estado de alma. Um estar bem legal. E pensar nos tintins: arredondaram o formato do ninho como uma esfera com um único buraquinho na meia altura. Só para passagem do Tintim, o que leva a crer que Elazinha já está lá dentro, tendo botado talvez dois ovinhos e sobre eles, está a chocar. É esperar.
 
Atravessei as pistas de volta com todo o cuidado do idoso apostando com segurança quem ganha o outro lado da rua, se eu ou o veículo em velocidade.
Embiquei pra Rua da Lapa em direção à locadora de vídeos e escolhi diversos para preguiçar hoje o dia inteiro. Deixei conta a pagar. Ainda comprei o EXTRA. Vou ver fitas de DVDs que não os do Chico Buarque, que estes, quero curtir em momento mais especial.
 
Voltei pra casa. Do sofá bordo e vejo o ninho. E olho com encanto e expectativa.