LÁGRIMAS DE POETA...

Soneto:

Noite longínqua amarfanhada nas páginas amareladas de um tempo qualquer.E de quando em vez,o rumorejar das palavras calcadas vem fla -

grar um sorriso triste...Palavras desconexas numa dessas trilhas que o

pensamento orquestra.

Daí contemplo os estilhaços de uma ilusão então perfeita.Como só as

ilusões nos parecem...

O brilho de prata abandonou a lua adormecida.O vento cortante fustiga-me o frio na alma.E não...você não veio...

Não sentiu a magia,não aspirou o perfume que eclodiu pelo ar.

Os sons de harpa morreram em algum canto sombrio,nas malhas da solidão.Agora ecoa o lamento do sax,preenchendo o vazio das noites,com

a melodia imortal de um coração partido.

O sonho deixou pegadas de afeto na areia da esperança,até vir a maré

e cobri-las com a onda da realidade.Nada é para sempre...

Ah...uma vez mais a felicidade foi quimera!

O mago transformou-se no espectro retorcido de um desprezo vigente

e a sacerdotisa transmutou-se em ave fênix,vagando pelo espaço infinito

da inconstância...Suas asas cobrem uma multidão de conflitos.Que pena!

A guerreira voltou ao castelo da imunidade,onde o vazio é a sua armadura e seu coração põe-se a salvo.E as vezes,um canto nostálgi -

co ecoa na noite,lembranças de um mito...partículas de um lirismo no doce-amargo do efêmero.Outrora um encantamento,agora jaz desencanto.Apenas uma canção ao vento...

De um dueto somente um conto,de um conto nada mais que um soneto. Soneto de dor,dos destroços de um lindo amor...

Laura Di Paula
Enviado por Laura Di Paula em 11/08/2011
Código do texto: T3153938