Música: Sonata ao Luar - Beethoven
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Onde fica o caminho para o céu?
Uma velhinha, já cansada de viver, saiu pela estrada afora a procura da morte. Disse para si mesma: “a pior coisa da vida é esperar, se eu ficar aqui em casa esperando a morte, com certeza, a angústia será grande, o tempo não passará e eu vou morrer aos poucos”. Para não assustar as pessoas, a velhinha criou uma estratégia sutil. Colocou uma pequena trouxa sobre a sua corcunda, arrumou uma modesta bengala e caiu na estrada.
Assim que começou a caminhar encontrou uma criança de três a quatro anos que brincava no portão de casa. De acordo com a sua estratégia sutil, ela perguntou: “querido anjo, onde fica o caminho para o céu”? A criança na sua inocência, sem intender a situação, apenas sorriu.
A velhinha não se deu por vencida, continuou a sua caminhada. Mais adiante, encontrou com um grupo de criança um pouco maior, de seis a oito anos. Com a mesma determinação ela perguntou: “crianças, onde fica o caminho para o céu”? As crianças sorriram, uma olhou para a outra e uma menina franzina abriu um sorriso, mostrou a falha pela troca dos dentes de leite e respondeu: “vovó, para ir para o céu a senhora deveria ter asas e não bengala”.
Com um sorriso irônico nos seus lábios trêmulos a anciã continuou a sua caminhada e ao virar de uma esquina encontrou com um adolescente e repetiu a pergunta. O adolescente sem compreender a situação respondeu esbravejando com os braços: “Cada uma que me aparece, só faltava essa! Siga em frente, fatalmente, você encontrará com o inferno”.
Com o seu firme propósito, a velhinha peregrina continuou a sua caminhada com a marcha claudicante. Não demorou muito, encontrou um casal de namorado. Eles estavam encostados em um muro trocando caricias. A velhinha sem pestanejar foi direto ao assunto: “onde fica o caminho para o céu”? Se sentindo incomodado o rapaz respondeu: “por que você quer saber, por acaso deixaram a porta do inferno aberta? Você escapou e está aí sem rumo procurando o céu. Por favor, procure a sua turma”.
Sem nenhum abatimento, ela continuou a sua lenta e longa caminhada. Logo, após atravessar uma ponte, encontrou um grupo de trabalhadores colhendo trigo. Aproximou e com a voz rouca perguntou: “amigos, vocês podem me informar onde fica o caminho para o céu”? Um trabalhador forte e bem jovem respondeu furioso: “não atrapalhe o trabalho, o tempo promete chuva e temos que terminar a colheita antes que a água caia do céu e prejudique a colheita”. A velhinha retrucou: “não estou atrapalhando, apena estou pedindo uma informação”. Um senhor aparentando uns quarenta anos, na tentativa de ficar livre da velha, falou: “a minha avó dizia que o caminho do céu é uma via de mão dupla com o caminho do inferno. Para ser sincero não sei se a senhora está de ida ou de volta”.
Sem perder a esperança a anciã caminhou muito e já noitinha, quando procurava abrigo para pousar, bateu em uma porta e foi recebida por senhor em provecta idade. “Meu senhor estou procurando o caminho para o céu”. O velho respirou ruidosamente e respondeu: “Eu já tive vontade de procurar o caminho para o céu, faltou-me coragem”.
No outro dia bem cedo o casal de velhinhos puseram-se na estrada a procura do caminho para céu. Depois de caminhar várias horas, encontraram um grupo de crianças entre dois e quatro anos de idade brincando a sombra de uma frondosa árvore. O casal perguntou em uníssono e bem alto: “onde fica o caminho para o céu”? As crianças inicialmente riram sem entender nada. Com um esforço tremendo em voz alta repetiram a pergunta. Uma menina de mais ou menos três anos, ficou de pé, estendeu um largo sorriso, abriu os braços e disse: “o caminho para o céu fica aqui”. E bateu fortemente as duas mãos contra o seu próprio peito.
A velhinha ao ouvir a fala da criança comentou com o companheiro: “eu procurei o caminho da morte e encontrei o caminho da vida. Voltarei para minha casa e farei dos meus últimos dias os melhores da minha vida”.
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Texo registrado na Biblioteca Nacional