Chuck Norris - escola de arte dramática

Me ocorreu a alguns dias que está se formando no mundo, uma nova onda na arte de interpretar. E isso, após eu assistir a novelas brasileiras e alguns filmes estrangeiros.

Desconfio que o mentor intelectual dessa nova onda, é Chuck Norris. Para quem não se lembra, é aquele ator americano, que mantém a mesma expressão facial ao matar um terrorista e ao fazer uma declaração de amor a alguma vietnamita deslocada no mundo.

Pois é, amigo leitor. Estamos diante da “Escola de interpretação Chuck Norris”. E há centenas de adeptos. Para se reconhecer um legítimo discípulo de Chuck, basta observar as seguintes coisas: primeiro, se o “ator” ou “atriz”, são muito bonitos. Isso, por uma questão lógica: quem está esteticamente fora dos padrões, só vence nessa carreira se tiver muito talento. E olhe lá. Segunda questão: veja se há muitas cenas de nu com os mesmos atores. Não que isso seja uma evidência de atuação ruim. Grandes atores fizeram nús ao atuarem. Entretanto, isso não virou marca registrada dos trabalhos deles. Terceiro: expressão facial: como Chuck, os atores dessa nova onda, choram quando parecem rir, e o que era para parecer uma expressão de dor verdadeira, parece uma careta similar aos quadros de Picasso. Quarto e último: veja como os aspirantes a atores entraram na profissão. Geralmente, os discípulos de Chuck ou posaram nús, ou foram Big Brothers, ou casaram com diretores ou fizeram tudo isso de uma só vez.

Mas há discípulos de Chuck que burlaram todos os meios nada ortodoxos de entrarem na profissão. Estudaram direitinho, têm uma carinha palatável, mas sofrem de um mal que nenhum empenho cura: falta de talento para a atuação. Aí, há que se tolerar besteiras interpretativas, como a do maior expoente da escola de Chuck: O cigano Igor. Alguém se lembra? Era aquele que falava apenas uma frase: “Eu amo Dara”. E na linha do Cigano Igor, segue-se o lamentável Stallone, o Mr. Testosterona “Schwarznegger”, e mais uma penca de gente ruim, que não me lembro agora, pelo fato de que, com algumas exceções, esse pessoal não dura muito.

Não sei exatamente a quem culpar pela existência dessas criaturas no meio interpretativo. Mas uma coisa é certa: há os pais que obrigam os filhos bonitinhos a serem atores e modelos. Isso, como se fosse um pecado a pessoa ser bonita e não estar no meio artístico. Há os diretores que parecem se interessar mais pelo “derriere” dos “atores” do que pelo talento. O que é uma pena, porque o público não é tão burro quanto eles pensam. Mas mesmo não sendo burro, é passivo. Porque se pagamos caro para ir ao cinema e ao teatro, também temos direito de exigir atores mais dignos. Quanto à televisão, é só desligar.

Penso que a epidemia dos atores de Chuck está longe de acabar. Caras bonitas são um chamariz e tanto. Isso desde Jean Harlow, Marilyn Monroe e outras louras tontas. E não pense o leitor que elas permanecem por seus insuspeitos dotes artísticos. Mas porque historicamente, elas representaram um alento no pós guerra, no caso de Marylin, e o início do apelo sexual, no caso da Jean. Mas é só. Não consigo imaginar Marilyn interpretando a Lady Mcbeth.

O que podemos fazer para livrar o mundo dessa epidemia? Não sei. Os meios de comunicação valorizam os atores cretinos, porque hoje tudo cansa muito rápido. Principalmente os rostos. Então, atores viram cotonetes. Descartáveis.

Na minha humilde e dispensável opinião, duvido que vá surgir no mundo outra Fernanda Montenegro, ou outra Meg Smith. Teremos de tolerar um bando de gente sem nada na cabeça, falando um português canhestro, ou outras línguas igualmente indecifráveis, sem juntar lé com crê.

E no final das contas, após refletir sobre todo este fenômeno, só tenho uma coisa a concluir: Chuck Norris é muito melhor que seus alunos.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 11/12/2006
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