“Um velho ateu, um bêbado cantor, poeta”
Não tenham medo dos que tem fé , mas sim dos incrédulos, pois sem medo de nada vão destruindo conceitos e arrombando regras. Os incrédulos não usam limite pra pensar e nem desejar, somente tem o infinito para iniciar o caminho da sua liberdade. Os incrédulos não ficam presos em suas alcovas sonhando com o furor da vida e nem se aprisionam num mundo marcado a ferro e fogo por pecado.
Não tenham medo de funcionários vestidos de uniformes e nem de profissionais liberais, tremam antes de tudo dos poetas. Fechem as portas e as janelas, tentem abafar seus versos, mas não esqueçam que mesmo aprisionado sob uma sociedade venal, a poesia grita sua revolta. Não adianta rasgar e nem queimar os estribilhos dos poemas. As frases irão ecoar pelos milhões de ouvidos imbecis e hipócritas que se tornaram surdos por tentar manter a aparência medíocre da falsidade.
Não tenham medo dos sóbrios, porém dos bêbados! Não calem as suas verdades e nem tentem se esconder atrás de acusações contra a sua conduta. O bêbado é o livre, é o escancaro e, por isso não aponte o seu dedo sujo que limpou muitas vezes uma m... que a falta de vergonha perfumou. Não tente aprisioná-lo em suas prisões criadas apenas para conter o grito da verdade.
Não tenham medo dos que carregam a raiva dentro do coração, mas daquele que tem sempre uma mão amiga estirada. Tenha medo da rosa, seu perfume pode calar a raiva, pode seduzir, pode encantar. A mão estirada é um tapa na face dos que procuram no vil metal o fracasso que foi até hoje sua vida. A mão amiga é o aperto de bem vindo a quem nunca soube andar de mãos dadas pelos tortuosos caminhos da vida.
O incrédulo, o poeta, o bêbado, andam sempre de mãos dadas com a mão amiga e tentam fazer a roda da vida girar ao contrário. Mudar o rumo do destino e mostrar que a verdade está sempre escancarada. “Mas quem tem ouvidos para ouvir que ouça”! Na verdade eu sou “um velho ateu, um bêbado cantor, poeta” e vocês o que são?