"QUEM NÃO FAZ, LEVA".

     “Quem não faz, leva”. Esta é a regra, e eu não diria a lógica, vez que o ilogismo está implícito no futebol de que faz parte, ou melhor, do jogo. Quem quiser estudar a contralógica, não a procure nas regras do futebol, que são rígidas e claras. Deduza de cada partida os resultados imprevisíveis, surpreendentes e, quando assim, tão decepcionantes quanto inútil é a “vã filosofia”. Do futebol, é claro.

     Está mais do que na hora de o Brasil mudar essa cara redonda de bola, que lhe dá o falso perfil da “Pátria em Chuteiras”, bem intencionalmente descrito por Nelson Rodrigues e que a maior parte da sua gente, por décadas, assume como identidade. A cara do Brasil já é outra. E qual seja daquele deformado triângulo, redondo nunca foi o seu formato, nada lhe tendo a ver uma bola, tampouco a chuteira. O Brasil tem muitas caras, esta é a verdade. Isto não o descaracteriza, não o despersonaliza, tal qual a expressão que se dá àqueles que se mostram, circunstancialmente, diferentes e oportunistas. O Brasil é um gigantesco Macunaíma, igualmente “herói sem nenhum caráter”. Sim, oportuno e indispensável é explicar para alguns que, tão longe de mim quando de Mário de Andrade está a intenção de despersonalizar o Brasil. “Sem nenhum caráter” equivale a dizer, paradoxalmente também, indefinidos caracteres formando-lhe um rico e mutável perfil.

     A cara do Brasil muda de acordo com o estado psicossocial do seu povo. Aí se incluem condições várias, e o futebol é um dos raros exemplos de unidade nacional movida pela emoção, alegria ou decepção. Hoje, Brasil e Alemanha nos deram este exemplo.

     O flagelo, decorrente da catástrofe, também nos comprova em lado oposto. Não sei em qual jogo está ganhando o Brasil. Não é fácil buscar a lógica na sua realidade política tão latente, tão visível quanto ludibriada pela “vã filosofia”. No jogo do toma lá da cá, a disputa pelo poder corrompe ministérios e, como no jogo de futebol, as substituições promovem a dança das cadeiras. Um exemplo local resume a ópera. Ou melhor, o jogo. Trinta e três secretarias criadas pelo governador Agnelo superam as do combatido antecessor Roriz. Não bastando a Secretaria de Serviço social, criaram-se as Secretarias da Criança, Secretaria da Mulher, Secretaria do Idoso. Quem paga a conta? Os contribuintes, maioria dos quais torcedores do mesmo time. Estes mesmos contribuintes torcedores, que pagam onze milhões e seiscentos mil reais( por mês) de aluguel para sediar as secretarias de um governo que, apontando os erros do passado, comete e repete outros. "Arrumando a casa", nada faz. E a van filosofia é sábia quando diz: “Quem não faz, leva”. Entenda-se.

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PS. De futebol sou um moderado torcedor.
Gosto de vê-lo pela televisão e até me empolgo.
Tanto é que hoje assisti a duas partidas. Uma internacional, outra nacional.
LordHermilioWerther
Enviado por LordHermilioWerther em 10/08/2011
Reeditado em 11/12/2011
Código do texto: T3152227
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