Guerras
Será que, em outra época de nossa história, o mundo viveu um período de tantas e tão variadas guerras?
Vejamos: afora as arquisseculares guerras entre os senhores de terras, por questões de fé e poder, há agora a guerra entre as centenas de seitas religiosas visando ao aumento do rebanho contribuinte.
Colocando lenha na também antiga guerra dos sexos, temos agora as contendas e alfinetadas envolvendo os outros gêneros.
As guerras raciais continuam a todo vapor. Há as guerras entre os mundos ocidental e oriental, o norte e o sul; entre capitalistas e comunistas; há a dos traficantes contra a polícia (ou será o contrário?), a dos traficantes entre si, a guerra contra a pirataria, a corrupção, o desmatamento, a matança e extinção de animais, a destruição da natureza...
Há a guerra de opiniões entre materialistas e espiritualistas, entre os criacionistas e os evolucionistas – quem terá razão?
Surgiram as guerras entre as grandes indústrias farmacêuticas, petrolíferas, automobilísticas; entre as grandes cadeias de lojas; entre as empresas de publicidade e propaganda, na incessante caça aos consumistas desavisados.
Há os conflitos entre gerações, as querelas entre irmãos, as disputas por heranças, as brigas de casais pela guarda dos filhos, que se tornam armas de guerra, instrumentos de vingança entre os egos feridos, cada um querendo ter razão.
Há as guerras entre torcidas de times e entre gangues de rua. Contra a ação do tempo, as armas nucleares e os transgênicos.
Faz-se guerra aos preços altos, ao desemprego, ao analfabetismo (essa até que é uma boa guerra!).
E a guerra dos partidos políticos em tempos de eleições? Essa é particularmente suja, imoral e totalmente sem sentido, uma vez que, não importa quem vença, o povo é sempre derrotado.
Tudo isso sem falar nas guerras surdas, veladas, travadas no interior das mentes dos que se sentem abandonados, rejeitados, injustiçados, traídos e excluídos.
E todos nós amamos essas guerras, tomamos partido de um ou outro, nos descabelamos para defender nossos pontos de vista, nossos correligionários, nossos iguais, nossos frágeis e ameaçados egos. Pensando bem, tem gente que entra em qualquer briga, não importa de que lado, só para não ficar de fora. Outros se contentam em assistir, torcer, opinar, criando outras tantas guerrinhas particulares contra os que têm opinião contrária – só para manter o clima de belicosidade que parece ser inerente ao ser humano.
Como somos beligerantes! Como somos violentos! Quando aprenderemos que a violência só atrai mais violência? Quando começaremos a relevar e esquecer as ofensas, a aplicar a compaixão aos semelhantes? Quando iremos deixar para trás a guerra e começar a buscar a paz? Quando deixaremos de investir tanto tempo, dinheiro, energia, emoção e vida em coisas totalmente contrárias à vida?
Quando aprenderemos a viver, simplesmente?