Envelhecendo para ser velho
Hoje, por conta dos inúmeros apelos que vemos e ouvimos durante todo o tempo, querendo ou não, submetendo-nos ou não, somos alvos das flechas publicitárias espalhadas nas ruas, nos transportes, por todas as mídias.
Definitivamente envelhecer não faz parte de nenhuma opção de vida, ironicamente, quando se trata de futuro.
Você tem que pensar no seu futuro, mas nunca imaginar que isso o encaminhará para a velhice. O futuro foi, é e sempre será tema literário em todas as formas de arte e nunca da propaganda, que coloca o presente dentro de uma geladeira para que fique jovem para sempre.
Viver é como acender um incenso, queimando aos poucos vai ocupando o ambiente com seu aroma, a fumaça flutuante vive o tempo de um vento e quando a brasa perde o vigor é exatamente quando o ar fica mais perfumado, os sonhos estão mais iluminados e as tensões relaxadas.
Envelhecer é parecido com o processo do incenso: de uma hora para outra, sim, a gente não percebe a fumaça no início, pois é o tempo que acende o fósforo, passamos a ocupar um lugar especial na vida de nossos familiares e amigos com nossa experiência; nossos conselhos flutuam nas palavras e quando a vida perde o vigor é quando ficamos mais iluminados e viramos fumaça.
A “ficha” caiu: Quem gosta de incenso é hindu, aquele camarada magro que sustenta a fé de que a vida física é ilusão; que adora vaca, rato, serpente; toma banho coletivo em um rio chamado Ganges, onde mulheres afogam filhos recém-nascidos como sacrifício e que faz de tudo para atingir o nirvana, ignorando o paraíso que é o led zeppelin.
Envelhecer é maravilhoso quando você está preparado para seguir com a vida em toda a sua amplitude. É aprender a usar a força que você tem com a inteligência adquirida. O homem velho, como disse Caetano, é o rei dos animais.
Ricardo Mezavila