Tem um poste no caminho.

Da janela a estranheza e a decepção de mãos dadas. Este olhar sobre a cidade, onde se vive numa gaiola e quando sai pelas ruas encontra se numa selva, cheia de feras. Falo de uma capital, ou seja, de qualquer capital deste país, onde os nossos mínimos direitos são desrespeitados. De minha janela vejo com olhos tristes indignados, a dificuldade dos portadores de deficiências em constantes constrangimentos causados por motoristas, empresas de prestação de serviços, como as de energia elétrica e telefonia. São os postes, orelhões todos implantados no meio das calçadas, ou passeios, onde os pedestres em labirinto buscam seus caminhos para suas atividades.

Vejo uma faculdade e na sua calçada, onde deveriam passar livremente pedestres, vejo carros estacionados na diagonal com suas frentes encostadas no muro da escola. As pessoas se deslocam para a rua, se expõem aos veículos. Para meu espanto, vejo fiscais controladores de transito, passam pela rua reordenam os taxis, que se acham donos da rua, mas o mesmo órgão com seus ineficientes inspetores, não têm olhos, para os carros sobre a calçada. Agora vejo o deficiente visual, com sua bengala metálica, toca no poste e desvia, mais a frente toca num veiculo, novo zig zag desviando das armadilhas. Resmunga indignado para o além, como não querer acreditar, se bate num orelhão em forma de berimbau. Nova manobra, difícil travessia para ele, que bem merecia receber um troféu por vencer tantos obstáculos.

É revoltante a inércia das autoridades municipais com estabelecimentos comerciais e escolas, que não tem o mínimo de respeito com os cidadãos pedestres, que precisam das calçadas. Posso imaginar o tipo de cidadão que se forma nesta escola, desinformados cultural e politicamente. Queria crer que as autoridades, quando da liberação de um alvará para funcionar uma escola ou estabelecimento qualquer, deveriam em primeiro lugar, exigir que se apresentasse o sistema de estacionamento, vagas especiais, acessos para pessoas deficientes, saídas de emergência, sistema de incêndio e etc. Quer dizer o politicamente correto só ficou no papel numa gaveta suja da corrupção. Assim ficamos a Deus dará ou salvem-se, quem puder.

No direito de ir e vir livremente, pois sempre temos um poste, um orelhão ou mesmo um carro sobre a calçada e às vezes carros com logomarcas do estado ou municípios. Fico a pensar no grande Drummond ao encontrar uma pedra no seu caminho, que retida nas retinas cansadas lhe inspirou um poema histórico. Agora imaginem, o que o inspiraria, se fosse um poste ou um orelhão em forma de coco verde. Ele criaria uma crônica, ou jogaria na cabeça destes pobres mortais ridículos?

Pense bem, quando for estacionar seu carro, você poderá estar sendo observado.

Mas seria preciso isto, se sentir vigiado para fazer o correto?

Pense bem.

Toninho

28/07/2011

Toninhobira
Enviado por Toninhobira em 10/08/2011
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