BARRA DO MENDES CADÊ TEUS FILHOS PATRIOTAS?

BARRA DO MENDES, CADÊ TEUS FILHOS PATRIOTAS?

Eduardo Mendonça

Oh! minha terra, cadê teus filhos queridos?

Cadê aquela gente querida que te amava tanto?

cadê aqueles pais exemplares,

que tanto souberam criar seus filhos no caminho do bem e do respeito?

Por onde “Seu Modesto”, que gostava de atravessar as tuas ruas esburacadas,

com o seu carrinho de mão carregado de raízes de mandioca, melancias e batatas?

Cadê Nicandio, todo feliz e contente, chegando da roça

em sua inseparável bicicleta do quadro redondo,

com o bocapiu ao lado cheio de umbu?

(a garotada atrás, implorando que ele desse aquela frutinha saborosa, e, eu no meio)...

Oh! Barra do Mendes... Cadê Maninho de Atanásio,

sentado no banco do jardim,

numa roda de amigos e sambistas,

cantando e tocando sambas de Adoniran Barbosa?

Minha terra querida, cadê “Seu Bidão”,

tocando marcha dos marinheiros,

de Dilermando Reis, para avisar todo o público

que estava iniciando mais uma sessão de cinema no cine união?

Por onde anda “Seu Dedeza”,

que vendia cartelas da loteria esportiva nos arredores do bar de Lico,

com seu radinho de pilha no ouvido,

vibrando com os gols de Roberto Dinamite?

Cadê o amigo de todos, Miguelão Alfaiate,

brincando de esconder as cartas de baralho

somente pra deixar Zé Rui nervoso, lá no bar do Dozinho?

Por onda esses pais? por onde onda “Seu Coelho,

que tanto gostava de chegar da roça ao meio dia,

no seu bonito cavalo e tomar a sua pinguinha costumeira no Bar do Tico, lá na praça nova?

Cadê teus filhos minha terra? Por onde anda esta minha gente querida e patriota?

Por onde anda o folclórico Dedé de Bidão,

que corria atrás dos meninos,

acostumados a subir no alto da janela do cine união,

para assistir pelas frestas os filmes proibidos, inclusive eu?

Cadê nosso querido Bras? “Seu Braz”, de tantas lembranças,

com sua barraquinha na feira livre, vendendo sua garapinha saborosa?

Cadê Manoel de Bastião com sua barraquinha na feira,

cheio de alegria e bom humor, brincando e contando piadas para os fregueses serranos?

Cadê Tio Otacílio, sentado na porta da sua vendinha,

proseando com “Seu Pacheco, Antonio de Rita e Antonio Alfaiate, no finalzinho da tarde”?

Cadê aqueles amigos dos jogos de damas nesta mesma vendinha do Tio Otacílio?

Cadê “Seu Timóteo”, com sua expressão sempre séria, na

sua inseparável tendinha de alfaiataria,

costurando e remendando as roupas dos fregueses amigos?

Por onde anda esses filhos minha querida Barra do Mendes?

Responda-me, por favor?

´

A todos eles, ofertamos um abraço de gratidão e saudade...

De muita saudade... De muita saudade...De muita saudade.

E MEU AMIGO VANGE, QUE CONHECEU TODA ESSA GENTE, COMPLETA:

Cadê Dingo, que com seu carrinho de mão, saía pelas ruas tocando uma sineta,

anunciando que “o 1º gari de Barra do Mendes”,

estava passando para recolher o "pouco de lixo" que se produzia, na época?

Cadê “Seu Li”, que com sua vendinha, tinha de tudo um pouco,

para atender a freguesia e chamava, nós crianças, de "gatinhos"?

Cadê Seu Ezequiel Mendonça, que com seu rádio "A B C- Canarinho",

acordava toda a Rua Juracy Magalhães,

com o volume do rádio a 1.000 decibéis?

Cadê Sílvio Pereira Gonçalves, (marceneiro),

que foi o meu primeiro patrão, na arte de trabalhar a madeira?

Meu Deus! Perguntamos a você, é claro que entendemos!

Também iremos morrer, isso é a coisa mais certa,

mas quando a saudade aperta, te perguntamos: cadê?

Que saudades de toda essa gente, amigo!

É a vida, né? Sinta-se abraçado e,

seja portador do meu abraço aos amigos e amigas barramendenses.

Muita paz.

Eduardo Mendonça
Enviado por Eduardo Mendonça em 10/08/2011
Reeditado em 10/08/2011
Código do texto: T3150664