AOS MEUS AMIGOS!
Não sei por onde andam os meus amigos. Aqueles bons amigos, com quem reparti o que havia de melhor em mim. Deixei em cada um deles, um pedacinho daquilo que eu era. Não os vejo, não os encontro. Procuro em cada rosto estranho um pouquinho de mim. Na certa alguns deles se casaram, outros são infelizes, alguns poucos certamente levam a vida à cantar, ou suas vozes perderam o rumo assim como a minha. Alguns permancem meninos e meninas,( se não quebraram as promessas da infância ). Aqueles mais rebeldes ( como eu ), com seus planos mirabolantes, muito provavelmente deram com a cara na porta, por não existirem mais circos nem holofotes no picadeiro. Devem ser tristes hoje. Havia também, aquele grupinho de meia dúzia com seus planos milionários e, se me recordo bem, dois ou três conseguiram conquistar seus planos milionários, os outros, certamente foram vender batatas na feira. Vai ver, são felizes.
Ah! Meus amigos! Não sei por onde andam, quem são eles hoje. Alguns diziam que me tornaria atriz comediante. Outros, uma grande cantora e quem sabe até, uma poetisa. Tinha também os que diziam que eu seria feliz, que teria filhos, que compraria um cachorro, que perderia o medo do escuro e que iria parar de contar os meus dedos. Ah! Lêdo engano! Tive filhos lindos e sou feliz por isso. Não posso me esquecer que um dia eu também comprei um cachorro, mas assim como os amigos, um dia ele se foi.
Ah! Meus amigos! Mal sabem eles que de resto, nada que disseram me tornei, e não poderia, porque deixei com cada um deles o que havia de melhor em mim. Os meus melhores pedaços. Ficaram a insônia, a saudade e a trágica tentativa do poema.