Meu Eterno Amanha
Pois é, estou sempre deixando as coisas para amanhã, não sei em que momento da minha vida essa minha relação com o amanhã ficou tão intima, hoje ao pensar sobre isso encaro o amanhã como uma prisão, e vou tentar explicar em poucas e complicadas linhas porque tenho a ideia de que o amanhã é de fato uma prisão.
Um dos motivos que me levou a esta conclusão é o fator já mencionado há cima “estou sempre deixando as coisas para amanha” normalmente por pura falta de determinação e coragem, acabo estreitando o meu hoje e alargando cada vez mais o meu amanhã e esse amanhã fica há cada dia tão extenso que às vezes eu o confundo com meu hoje, e por me confiar tanto nesse tal amanhã tenho em mim a ideia de que ele sempre irá existir, chamaria isso de ”o meu eterno amanha”, parece até uma frase poética, mas eu diria que existe um toque bem mais filosófico nela. Pensar o amanhã como algo eterno me obriga a fazer um julgamento precipitado da minha própria vida e daquilo que eu chamo de futuro, alias acho que tudo esta relacionado, amanhã, futuro, prisão, na verdade o amanhã e o futuro me aprisionam, pois, como condiciono sempre a minha vida e meus desejos de fazer determinadas coisas a eles, acabo sempre fugindo daquilo que chamamos de presente, sempre anulando meus sonhos, vontades, desejos, é como se o presente fosse o tempo da fraqueza, da indeterminação, do comodismo, do medo, por esse motivo estou sempre anulando ele dos meus planos, como esse de estar aqui agora escrevendo sei La o que, por que tinha a simples vontade, acompanhada por um doce desejo de escrever aquilo que viesse a minha mente.
Acredito que esse hoje, de fato, nesse aspecto se tornou hoje, pois aquilo que hoje eu quero fazer, não condicionei ao meu incerto amanha, analisando isso eu me questiono, porque confiar tanto em algo que não me da nenhuma certeza ?, Certamente a relação com esse amanha e essa prisão inconsciente em que eu acabei condenado por mim mesmo, me levou a ter essa falsa confiança.
Pois bem, hoje parece que minha sentença começa a entrar em seu estagio final, diria que me encontro na condicional dessa tal prisão, já posso sair por um instante e fazer hoje aquilo que eu tenho vontade de fazer, e só hoje eu percebi que como sempre condicionava essas vontades ao amanha, nada acontecia, o amanha me dava certo conforto e comodismo, hoje já consigo colher as flores sobre as correntes e perceber que era refém de mim mesmo, mas prometo que a partir desse momento está declarada uma guerra contra meu amanhã, farei com que aos poucos ele já não mas exista e que eu possa viver de uma forma tão intensa o meu hoje, que o amanha não mais existirá, como disse o poeta Renato russo “é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanha” e como eu digo, é preciso viver como se não houvesse amanha.