MAIS VALE UM EXEMPLO...
Durante todo tempo (cinquenta e quatro anos) que convivi com minha mãe, ouvi provérbios, ditos populares e outras citações que são a síntese do conhecimento empírico e encerram toda a moral, a ética, os usos e costumes das diversas culturas e de grupamentos sociais do ser humano, espalhados pelo mundo, que são transmitidas de geração em geração, sem que, muitas vezes, quem ouve, consiga decodificar o real valor contido naquelas palavras.
Hoje, estava eu voltando da academia de ginástica, pela mesma rua das calçadas irregulares e das plantas que se debruçam por sobre os muros, quando vi uma das cenas que mais me aborrecem, apesar de corriqueira nos dias atuais.
Numa das casas, estavam conversando no portão, uma senhora, talvez a proprietária e um jovem bebendo uma caixa de Todinho.
Eu ainda estava distante deles quando o rapaz atirou a caixa vazia no meio da rua.
Aquela atitude me aborreceu profundamente.
Por que as pessoas têm o mau costume de sair distribuindo com todos os lixos que produzem?
Eu ainda sou figura estranha, porque só faz dois meses que mudei para Carpina, e eles pararam de conversar para me observar.
Apanhei a caixinha e entregando-a a senhora que estava do lado de dentro do portão, disse:
- A senhora pode fazer a gentileza de colocar no seu depósito de lixo?
Ela pegou a caixa e disse timidamente:
- Não foi eu que jogou fora não. (sic)
- Eu vi que não foi a senhora. Foi ele quem jogou, mas como ele está bastante crescido para ser educado por mim, eu prefiro dar o exemplo. Talvez da próxima vez ele não repita o gesto.
O rapaz ficou me olhando com aquela cara de “comadre, cadê o frade?” e eu me afastei lembrando-me de mamãe que muitas vezes me disse:
MAIS VALE UM EXEMPLO DO QUE A MÃO CHEIA DE CONSELHOS.