VIDA E MOVIMENTO

Somos seres em movimento.

A vida é movimento.

A história é movimento.

E por ser tudo movimento, acabamos sendo pessoas cheias de sonhos.

Às vezes os sonhos são as necessidades mais urgentes e quem sabe as mais profundas. Realidade que já sentira Aristóteles, que Agostinho de Hipona já sofrera. E que Freud achou por bem colocar no centro antropológico para entender o motor imóvel de Tomás de Aquino. E a ausência de limites está sempre presente na dinâmica dos sonhos e desejos. Os seres humanos não desejam isso ou aquilo, mas desejam tudo. Ninguém na realidade gostaria de viver muito. Todos se pudessem queriam viver para sempre. A imortalidade é um profundo desejo aos humanos, uma vez que aqui a vida passa com muita rapidez. E o stress aparece porque a percepção da realidade de mortais passa a ser uma “real” realidade.

Os seres humanos vão morrendo vagarosamente, a cada dia as mudanças vão acontecendo. Um movimento constante. Basta passar alguns anos sem ver alguém que lhe é querido e quando o vê há uma mudança visual e súbita. Isso acontece por parte de ambos. Mas o desejo é de viver sempre mais, prolongar o tempo, ir em frente e bem longe. E a sensação é de que tudo passou muito depressa.

Havia uma propaganda da Bombril onde o ator dizia que a marca crescia por si mesma. E na realidade ela chegou a tornar-se poderosa, ganhando o lugar da esponja de aço. Já não se fala mais de esponja de aço, mas de Bombril. Assim é o desejo humano, tornar-se poderoso a ponto de romper as barreiras da movimentação da vida e chegar na Luz.

As pessoas vivem no finito mundo, no limitado tempo, buscando em todos os dias o infinito. A lógica incide em manter todos juntos e radicados e acessíveis ao novo. Imanentes e transcendentes.

Os místicos, cristãos, taoístas, sufistas, budistas, hinduístas e mulçumanos procuram definir esse movimento como uma fonte de energia que perpetua o tempo e o espaço, dando evasão a uma dimensão eterna de vida. Uma Luz que não se cansa de iluminar. E o ser humano na sua diferenciação dos outros animais vivos, consegue vivenciar o projeto infinito, o sujeito infinito em forma de energia, como seu conatural. Uma fonte central onde todos os caminhos místicos seguem. Um mistério existente, mas não decifrável.

Esse sentimento de leveza e aridez produz nas pessoas um enorme sentimento de bem estar. Nada é definitivo. A realidade é apenas uma realização das potencialidades existentes no universo.

E nada é mais grandioso do que o estado de consciência de cada um. A transparência é poder e ver no outro essa luz que vem da grande fonte de energia eterna. Aí está a grande dádiva que as doutrinas das grandes religiões vivem beliscando. Em Cristo, eu acredito, está a originalidade e revelação dessa grande Luz.

É isso aí!

Fonte: Tempo de Transcendência. L. Foff.

Acácio