CASAL K EM: EU NÃO SOU CIUMENTA!
— Quem era no telefone, Binho?
— Uma cliente...
— Cliente... A essa hora?
— Eu vendo filhotes de cães, esqueceu, Ka?
— Hum... E daí?
— Daí que a moça poderia tá carente... Queria um poodle...
— Carente... Carente como, Kleber Alexandre?
— Ah, sei lá... Muita gente compra cães por causa da solidão...
— Ah, ela te falou que tava na solidão?
— Claro que não, né? É só uma hipótese...
— Voz jovem?
— Nem me liguei, ka! Acho que sim...
— E claro, cê deu corda pro papo, né?
— Ih! Sangue de Jesus tem poder! Começou!
— É, né? Tô sacando, Klebinho!
— Karla Emanuelle! Ciúme agora, não!
— Ciúme?
— Ciúme!
— Peraí! Eu não sou ciumenta! Não é ciúme!
— Então é o quê?
— É que não gosto de ser feita de palhaça...
— Palhaça? Que palhaça, amor? Esquece isso, tá? Falando em palhaça, armaram um circo lá na Anhanguera... A gente podia ir...
— Não desconversa, Kleber! Desde quando cê gosta de circo?
— Eu até que não, mas cê gosta, amor... Então, vam’bora?
— Vam’bora, né? Cê tá muito interessado nesse circo, Kleber Alexandre!
— Ah, meu Deus! Agora eu vi!
— Hum... Será que não é de lá que querem um poodle?
— Que ideia é essa, Ka? Pelo amor de Deus...
— E por que não? Por que não, hein, Alexandre Kleber?
— Alexandre Kleber? Cê tá trocando meu nome, Ka!
— Cê me tira do sério... É isso! Pois é, vai ver a moça é uma daquelas bailarinas que dançam com poodles...
— Que imaginação! Jesus!
— O seu problema é menosprezar minha inteligência, Kleber!
— Viajando na maionese, né? Maldito ciúme...
— Opa! Ciúme não! Tá vendo esses dois belos olhos azul-celeste, tá Klebinho? Ninguém me passa pra trás, não, meu filho!
— Tá... Tá bom, Ka! Então, cê não quer ir ao circo...
— Não!
— Tá bom, cê que sabe...
— Peraí, Klebinho, cê desistiu fácil demais do circo, uai...
— Como assim, desisti fácil demais?
— Manjei tudo! Tá com medo que ela te veja comigo, né?
— Ela! Ela quem, Karla Emanuelle?
— A bailarina, a que quer o poodle...
— Ah, não dá não! Quer saber, sua louca? Vou dormir!
— Dormir, né? Faz o estrago e vai dormir!
— E cê quer que eu faça o quê?
— Que ligue pra ela e diga que é casado!
— Quê?
— Escolhe, Kleber! Liga, ou é divórcio!
— O divórcio, Karla Emanuelle! O divórcio, pelo amor de Deus!
— Tá vendo, Kleber Alexandre? Cê tá doido pra me descartar, né? Nega, nega a verdade!
—Ai, meu Deuuusssss, me acode! Manda o anjo da morte me buscaaaarrr!!!