PIPOCA, ALGODÃO DOCE, PÉ DE MOLEQUE...
Pipoca, algodão doce, pé de moleque...
Poxa! Será que estou mesmo voltando à minha infância? Deve ser, porque senão de onde essa vontade toda de provar estas delícias? Mas com as receitas antigas, do meu tempo de menino. Isto me faz recordar os sonhos à que cada uma me levava então.
A pipoca, por exemplo, fazia minha alegria ao explodir na panela, fazendo ao mesmo tempo na minha imaginação imagens de metralhadoras nos campos de batalha, ou melhor ainda, fogos de artifício na noite de São João, iluminando minha alegria infantil. Quantas vezes não abri a tampa da panela só para vê-las explodindo e saltando arteiras em meio aos grãos ainda por se abrirem. Ficava ao lado de mãos abertas ansiosas para todas caíssem nelas como grãos de tesouros sempre buscados na pirataria infantil. Até que viesse a mão da amiga mãe e fechasse de novo a panela.
O algodão doce nas mãos do vendedor que passava na calçada de nossa rua era um desfile de sonhos e nuvens coloridas conforme o sabor de cada palito. A dúvida que sempre ficava então batendo na cabeça era se me deliciava ou procurava entre seus fios quase invisíveis, as paixões nas de groselha, sonhos nas azuladas e esperanças nas de sabor limão. Jamais, e incluo o presente neste tempo também, consegui me decidir. Mas a que mais me deliciava, era a azulada, porque por mais estranho que possa parecer, nunca consegui descobrir seu sabor. Deveria ser mesmo de sonhos. E como eram gostosas aquelas pequenas nuvens de açúcar, que me faziam viajar nos seus toques suaves ao chegarem a minha boca.
No pé de moleque eu buscava a força, pois diziam que era vitaminado, que me daria resistência, e me faria quase que imbatível. Não dá para esquecer a voracidade com que eram devorados, seus grãos triturados com prazer e deliciosa sensação de vitória a cada pedaço mais duro separado do principal. Ora! Como me impedir se ele mesmo me dava a força! Para lutar, fugir, saltar obstáculos, correr e chegar.
Por isso, se agora me derem licença, vou sair por aí. Vou procurar um pé de moleque para me dar novas forças, um pipoqueiro para descobrir novos grãos de tesouro, e o mais importante. Achar um algodão doce. Azul! Vamos juntos?
Antonio Jorge Rettenmaier, Escritor, Cronista e Palestrante. Visite nosso blog em www.ajorgespaceblog.com.br e mande seus comentários para ajrs010@gmail.com. Esta coluna está em mais de oitenta jornais no Brasil e Exterior.