"TALVEZ..."
TALVEZ. ...IMUNIDADE EMOCIONAL.
Desfrutar do privilégio de compreender o mundo que nos cerca é uma benção e uma conquista penosa, mas compensadora. Chega-se ao que é grandioso pela humildade. Para tanto é necessário disciplina e ter a mente hígida.
Pela compreensão se alcança a serenidade, e pode-se ver e ouvir tudo com tranqüilidade neste cenário multifacetado das emoções que nos cercam.
O mundo é heterogêneo, habitado por toda sorte de personalidades, irrealizadas e frustradas, vencedoras e exitosas, felizes ou em permanente desgraça.Tudo inerente à condição humana.
Existem muitas histórias tristes. Conheço muitas que deflagram a selva de sentimentos menores. No palco da internet são múltiplas, por vezes são reveladas brevemente essas histórias em “insite” e depois subtraídas, ou nas entrelinhas.
Precisamos todos vestir a couraça de compreensão contra a inveja, a cobiça, o interesse, a incapacitação de atingimento de graus não conseguidos que passeiam pelo mundo para podermos ajudar e, principalmente, aumentada compreensão para os patológicos.
Se temos imunidade aparelhada, podemos ajudar e tudo explicar, compreender. Para isso viemos ao mundo, onde a patologia é explícita ou implícita. Visível, invisível, confessada ou não. Se a identificamos em alguém, maior deve ser a compreensão, muito mais se estão próximas a nossa pessoa de alguma forma, e isto é comum, acontece e se manifesta.
Quase ninguém festeja a vitória dos outros nem fica feliz com a felicidade que não lhe pertence. O sucesso alheio incomoda.....
Um mestre Zen perguntado por um filósofo como ajudava as pessoas, disse:
“Eu as alcanço naquele momento mais difícil, quando elas não têm mais nenhuma pergunta a fazer.”, acresço, e se revelam.... É como faço ou tento fazer para ajudar, se posso.
Com fatos e pessoas cuja compreensão é limitada, a nossa deve ser gigantesca, concentrada em um “talvez” explicativo, como naquele monge que comprou uma fazenda e abandonou o monastério; queria ter família.
Um dia seu cavalo fugiu. Vieram os vizinhos e disseram: Que azar! Disse ele: “Talvez”.
O cavalo voltou com outros três cavalos selvagens. De novo os vizinhos surgiram dizendo: Que sorte! Disse o monge: “Talvez”.
No dia seguinte seu filho tentando domar um dos cavalos selvagens, dele caiu e quebrou a perna. Disseram os vizinhos: Que pena!
Respondeu o monge: “Talvez”.
No dia seguinte vieram militares convocar seu filho para a guerra. Foi dispensado pela perna quebrada. Os vizinhos vieram se congratular pela ocorrência dos fatos, era muita sorte, disseram. O monge sorriu e disse: “Talvez”.
A compreensão que leva a variadas estradas e faz sorrir, deve sempre com tranqüilidade e serenidade exercer esse “Talvez”. É o caminho do meio que leva ao equilíbrio, e conhece a vida. As incertezas....e algumas certezas.
É a imunidade emocional contra o quê nada e ninguém pode. Um privilégio para poucos, como a literatura e as artes em geral.