Diário Matinal

São 6:40 da manhã. Morar em apartamento, no térreo, e, ainda, perto da porta principal, que, por ironia, não tem interfone. É um desastre.

Ouço o toc, toc dos sapatos da vizinha; porta bate; alguém grita para o apartamento de cima - joga a sombrinha. Vai chover! É, parece que vai.

Crianças choram, pois não querem ficar com as babás. Lá se vai o meu sono e meus sonhos.

São 6:50, mulheres, babás e outras donas de casa sentam debaixo da minha janela para prosear; médicos, receitas, dietas, marca de detergente, novelas, artistas...etc.. Não preciso ler mais notícias... Nem parece, mas são 6:50 da manhã, mas, para elas, parece que passam das 10:00.

Mudo de quarto, de nada adianta. Lá vem o som do toc, toc, da porta que bate, da criança que chora e da vizinha que acha que vai chover; onde estão os protetores de ouvidos, não acho, Ah!.. não os tenhos.

São 9:00, silêncio total. O sol está mais forte e os bebês vão embora, junto com eles as babás, as vizinhas. Vem o silêncio. Não se ouve mais nada. Mas, não se tem mais sono, e nem mais sonho. Só o silêncio. .... Pra quê?