Ela é desastrada essa menina, tropeça em cada sentimento que surge em seu caminho e ao que parece, todo e qualquer caminho que ela escolhe, parece sempre machucá-la e após tantas feridas, ela passou a ver todo caminho como um beco escuro, aquele mesmo escuro que havia debaixo da sua cama quando ela ainda dormia com seu pijama de bolinha e que a fazia ter pesadelos durante a noite e percebeu também que toda dor deixa uma cicatriz e que não há como esquecer uma cicatriz ou um pesadelo.  

E então mais uma vez e pela última vez doeu, doeu tanto e por tanto tempo que deixou de ser dor, deixou de ser um tormento e o que era sentimento, virou costume e sentimento acostumado é como uma cicatriz; estará sempre ali, uma pele morta que estará presente, mas que já não mais se sente e ela que sempre culpou o seu coração por fazê-la sempre sofrer, percebeu que o coração sabe o que quer e também o que não quer e que todo aquele dilema e todas aquelas escolhas… eram exclusivamente dela.

Ao que parece, sempre existiu um mundo acontecendo em seu peito, mas que nem todos foram capazes de perceber ou ler em seu olhar e isso sempre fez com que ela se sentisse ainda mais sozinha. A sua teimosia sempre insistiu em prender aquele sentimento, que já nem era mais sentimento ou talvez um mau sentimento, que passou a ser um tormento, criando a ilusão de estar impedindo-a de seguir, sendo que na verdade, ela que sempre esteve acorrentada ao seu próprio apego, onde passou a construir muros a sua volta na tentativa de impedir que novos sentimentos a invadissem e sem perceber, com isso ela acabou se enclausurando junto aos que já não lhe faziam bem.

Ela então passou a ter medo de buscar um novo romance e aquele medo que ela pensou ser de ficar só ficou claro, e ela percebeu que o seu medo mesmo sempre foi o de se entregar e nunca ser o suficiente e com isso ela sofreu, mas sabe... Até sofrer cansa e ela cansou de se entregar tanto a ponto de deixar os seus sonhos de lado e então, passou a buscar os seus sonhos.

(Sabe, vejo muitas mulheres largarem seus sonhos para irem viver seus amores… O problema, é que quando se deixa de seguir seus sonhos, deixa-se também de ser quem é… Deixa-se de ser quem ele viu e gostou… lembrem-se meninas… Buscar o amor, não é deixar de ser quem é. Seus sonhos definem quem vocês são e se alguém tentar fazer com que vocês larguem seus sonhos, estarão também desrespeitando quem vocês são e admitindo que não são o que eles esperam. Tão fácil dizer "te amo" hoje em dia, não é mesmo? Quero ver alguém dizer: "te espero")

Logo, no papel em branco, seus castelos coloridos em giz de cera deram lugar a poesias e pensamentos, onde através de seus versos, ela foi destruindo aos poucos todo aquele muro a sua volta… Foi quando ela se deu conta de que toda aquela fantasia não passava de um complemento para o vazio que o sentimento deixou!

O tempo passou e ela então passou a seguir o seu próprio caminho e nada foi capaz de desviá-la de seus sonhos reais… Ela então se descobriu e descobriu um novo amor; o amor próprio… É menina, a paixão cega mesmo, o amor que deixa tudo claro… o amor próprio.


(rascunho sem edição)

Felipe Milianos

Imagem via Tumblr

Felipe (Don) Milianos
Enviado por Felipe (Don) Milianos em 07/08/2011
Reeditado em 07/08/2011
Código do texto: T3145018
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