Escrever-me = Decifrar-me

Antigamente as palavras fluíam, quando queria escrever-me, transbordar-me para que todos pudessem saber das complexas emoções e idéias que transitavam pela minha mente, quem sabe alguém entendesse algum fragmento de mim e conseguisse me ajudar, explicando-me um pouco de tudo isso que nem eu entendo.

Ou ate mesmo eu ao reler-me, talvez conseguisse decifrar-me através das palavras que então eu escrevia.

Antes, meus pensamentos passavam tão rápido pela minha mente , que meus dedos, minhas mãos, por vezes, não conseguiam acompanhar-lhes o ritmo, então quando lia-me era como se estivesse observando fragmentos de mim, assim como um quebra-cabeça que na hora de montarmos descobrimos que muitas peças perderam-se, ou porque os pensamentos foram mais rápidos do que as mãos suportavam transcrever, ou porque a memória falha em meio tanta confusão.

Hoje tento novamente transbordar-me, depois de longo tempo sem transcrever-me, aprisionada em meu castelo de pensamentos e emoções. Mas hoje tento, paro, não sei por onde começar, tanta coisa acumulada pulsando, querendo sair libertar-se... Mas... Nada vem nada flui.

Tenho precisado entender-me, mas é tão difícil, ao mesmo tempo que vasculho minha alma e me deparo com um grande vazio, sinto transbordando por todos os meus poros sentimentos e emoções que eu não sei o que são, será por isso a sensação de vazio por tentar ignorar aquilo que ainda desconheço em mim mesma ? por não conseguir nomear tudo que tem passado por meu coração?

Contradições, semelhanças, diferenças, comparações...

Conclusões?! NENHUMA!

Pensamentos loucos, busca de soluções inusitadas...

Sempre em vão!

Medo de decidir, falta coragem para agir...

Estagnação!

Indecisão, deixar tudo fluir? Acho que não... Não consigo!

Mas o que fazer, se seu corpo, sua alma, seu coração tendem em direções contrarias, ora para um lado, ora para o outro e ainda, por vezes, buscando um novo caminho –ainda desconhecido- a seguir, agindo com um novo peso que vem para desestabilizar, ainda mais, essa balança já tão instável.

Medo de tomar decisões...

De seguir por um caminho errado e sem volta...

Queria que por um momento o egoísmo tomasse conta de mim, para que eu me tornasse o centro do meu mundo e conseguisse agir pensando única e exclusivamente em mim.

Ao tentar usar a razão para pesar atitudes e sentimentos que na verdade são impossíveis de mensurar, acabo por me confundir, sempre entre tudo o que eu quero, o que eu sinto, enfim tudo que vem de mim, o que minhas possíveis metades querem, sentem,ou o que eu acho que querem me mostrar, ou ainda as verdadeiras intenções que eu acho que têm em suas ações, e com tudo isso ainda junta-se tudo o que todas as outras pessoa que observam a situação pelo lado de fora da janela de nossas vidas, pensam, acham, opinam e tentam me influenciar sobre o que é certo ou errado de acordo com seus próprios valores e julgamentos.

Confusão, confusão, confusão...

Quando algo esta emperrado, não funciona, esta empoeirado e esquecido, as vezes é preciso forçar, fazer “pegar no tranco”, preciso novamente conseguir usar essa minha maquina de aliviar tensões... preciso transbordar-me de novo... preciso escrever-me para poder ler-me sempre que não estiver entendendo a mim mesma.

Ainda não entendo nada sobre o que se tem passado em mim nesses últimos 3 meses – nossa! Já se foram três meses... e tudo continua na mesma confusão, e quanta confusão, tudo oscila de tal maneira, não sei se por influencia das fases da lua, da maré dos oceanos ou de qualquer outra força inexplicável da natureza criada por Deus – parece que foi ontem que toda essa confusão começou.

Mas como eu dizia, ainda não entendo nada, mas o fato de estar aqui a expulsar de mim à força algo que possa explicar um pouco de tudo que tem se passado, já são algumas gramas a menos na grande mala de emoções que tenho carregado em minhas costas, que vem influenciando minha vida toda, ate mesmo minha postura anda aparentando cansaço, estar próxima da exaustão.

Tenho medo,muito medo ainda e não sei como agir...

Vou retornar a escrever-me, para estudar a mim mesma, e tentar decifrar-me através dessas linhas, escritas por vários desconhecidos que se misturam em mim, que me formam e que são formados por mim. Ainda não sei de nada, mas espero decifrar esse grande enigma em que meu sentir tem se transformado...

Almejo garimpar-me nesses escritos e encontrar algo valioso e real, que não seja criação dessa minha mente ativa e criativa, - em segredo...romântica e sonhadora demais- espero encontrar um sentimento que seja puro, e que perdure por minha vida toda...

E que seja um sentimento tão elevado que todos envolvidos consigam compreender e que seja o melhor para mim e para todos que sofrerão influencias da descoberta desse verdadeiro sentir.

05/12/2006

Lis Reis
Enviado por Lis Reis em 10/12/2006
Código do texto: T314338