MATEUS E SUA RAZÃO. EVANGELHO.
“1- Não julgueis, para que não sejais julgados. 2- Pois segundo o juízo com que julgardes, sereis julgados; e com a medida que tiverdes medido, vos medirão também a vós.” Mateus, Cap. VII, 1/2.
Quanta verdade, e com ela não paramos de aprender, e quem julga, ou quer convencer-se de algo ou alguma coisa, deve ao menos, conhecer a extensão dos fatos, as circunstâncias, seus envolvimentos, a história toda que cerca personagem ou personagens, integralmente.
Qual a razão do comportamento das pessoas, principalmente. Senão incorrerá em erro. Não há grandeza sem humildade, e não há humildade sem compreensão.
Nem mesmo quem teve como atividade julgar oficialmente conflitos, conhece alguma coisa dos limites do ser humano e a raiz de seus conflitos, e pensa estar antenado com o que vê e sente, pode estabelecer convicções se não conhece o porquê e as razões de alguns acontecimentos, que se justificam por variados motivos, e se autoexplicam por si só.
É PRECISO CONHECIMENTO DE TUDO QUE ENVOLVE OS COMPORTAMENTOS, E COMPREENSÃO.
Por isso digo que a internet é um grande laboratório. Por mais que possamos ver nas entrelinhas o que está por trás dos panos no teatro da vida, não podemos conhecer todo o enredo da história, e por falta de compreensão, pecamos por não podermos exercer a compreensão em toda sua angulação.
Se as pessoas são agredidas, por menos importância que possam dar, em dado momento reagem sem conhecer a extensão das razões de uma agressão, que seriam absorvidas com a maior tranqüilidade, sem nenhuma reação, nenhuma, se fossem conhecedoras em latitude e longitude, de uma respeitável história, onde se inserem as razões de agressões.
Existem histórias e histórias, e muitas são imensamente compreensíveis e respeitáveis, humanas acima de tudo. Pela ausência de revelações a nós cometidas, compreende-se a incompreensão, e resulta na condição de exculpável.
Eu mesmo me dou a reações imperdoáveis, pessoa de tablado de luta livre americana na juventude, guardo resquícios de reações fortes, ainda nessa quadra da vida, mesmo que febrilmente exercitada a serenidade.
Devemos sempre absorver por esta mesma razão, o que possa surgir, aumentar essa absorção muito mais, mais e mais na caminhada diária de aprendizado, e como se aprende...
Um processo oficial desvenda um pouco mais as histórias e seus partícipes, a lupa está mais aproximada e buscadora, existem instrumentos eficazes de pesquisa dos fatos apresentados, mas, ainda assim, não deixa de ser mero papel, existem vidas e muitas histórias por trás daquela história, daquele papel que não conta tudo, ou muito pouco. Daqueles comportamentos e suas historiografias respeitabilíssimas, muitas vezes ainda veladas.
Há sempre uma causa qualquer compreensível para todas as posturas, sejam ou não agressivas, ofensivas. Não há ofensa quando ela se neutraliza pela compreensão de quem teria sido ofendido.
Não damos importância à extensão dos fatos, não vamos às fontes se podemos, não investigamos, e por maior que seja nossa tolerância treinada exaustivamente, um dia reagimos, e o fazemos indevidamente, pois há uma razão mais forte que nossa reação para posturas dessa ou daquela forma que foram praticadas.
Nos penitenciamos, nos redimimos, não importa o substrato da questão, desimporta, é preciso que assim seja, remir, ao menos. É o que todos devemos fazer. Não se busca mais nada que a compreensão e não certezas discutidas, o que é muito menor que personagens e suas histórias.
Há algo maior que a compreensão não compreendeu, não conhecia. Precisava conhecer antes de estabelecer convicções.
Julgamos sem a medida com que tínhamos que medir, acontece com todos nós, pois sem conhecer a extensão da história, reagimos, e um dia, sem ter nenhum acesso a nenhuma história, resolvemos por obra de Deus, ir às fontes, onde nunca fomos, e passamos a entender a ausência de compreensão, embora a percepção apontasse para a existência de algo justificável para a conduta de “a” ou “b”. Sempre há uma causa para um efeito.
Mateus sempre tem razão, e que Deus nos perdoe a todos por nossas incompreensões.
Precisamos estar aparelhados para nada julgarmos nem reagirmos sem tudo conhecermos detalhadamente para firmar convicções.