POETA VAGABUNDO
Imagem - Google
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Vinícius de Moraes foi poeta e diplomata em uma época de chumbo pela qual passou este nosso país. Ele morreu em 9 de julho de 1980 (aos 66 anos), ano em que estaria completando onze anos de parceria musical com Toquinho, com quem compôs muitas canções de sucesso, tais como, Regra Três, Tarde em Itapoã, A Tonga da Mironga do Kabuletê, São Demais os Perigos Desta Vida, Testamento... e muitas outras. Mas, indubitavelmente, sua canção mais famosa é Garota de Ipanema, composta em parceria com o maestro Antonio Carlos Jobim.
Por ser diplomata e também um grande poeta essencialmente lírico, os críticos (principalmente os cariocas) nunca perdoaram Vinícius quando ele se dispôs a enturmar-se com os “meninos e meninas” da bossa nova, gênero musical surgido na zona sul do Rio de Janeiro e que fazia enorme sucesso na década de 1960.
Tal atitude, somada à fama de boêmio inveterado e às suas apresentações em shows, onde invariavelmente havia uma garrafa de uísque escocês à sua disposição, incomodaram também os militares de plantão. Para quem não sabe, o Brasil foi violentado por um golpe militar em 31 de março de 1964. Em 1969, em memorando enviado ao chanceler Magalhães Pinto, o então presidente Costa e Silva dizia: “Demita esse vagabundo”. Assim, Vinícius foi bisonha e compulsoriamente demitido do Itamaraty. O Brasil pode ter perdido um grande diplomata, mas acabou ganhando um também grande poeta e letrista, só que daí pra frente em tempo integral.
O governo militar, reconhecendo o exagero da demissão, propôs reintegrá-lo aos quadros do Itamaraty. Vinícius não só recusou como sugeriu ao portador que o remetente da proposta a enfiasse num local bastante conhecido. Não se sabe se o remetente foi informado dessa sugestão do poeta. Mas, em 2006, 26 anos após seu falecimento, ele foi reintegrado ao Itamaraty. Provavelmente, se vivo ainda fosse, teria aceitado o “perdão” vindo de um governo democrático legitimamente constituído através do voto popular.
Finalmente, em junho de 2010, Vinícius foi promovido post mortem a Ministro de Primeira Classe da carreira de diplomata.
Em 1974, quando já havia sido demitido do Itamaraty, Vinícius, Toquinho e o Quarteto em Cy lançaram o show Encontro, baseado no disco lançado no mesmo ano e que tinha, entre outras músicas, Como é Duro Trabalhar, A Carta Que Não Foi Mandada, Carta ao Tom 74, Samba pra Vinícius e As Cores de Abril. O ano anterior havia sido cruel, pois levara embora três grandes Pablos – Neruda, Casals e Picasso. Num dos momentos do show, Vinícius lamentava profundamente essa perda num poema de seis estrofes, sendo que a última delas reservava um forte desabafo:
Três líderes cuja morte
O mundo inteiro sentiu
Oh, ano triste e sem sorte
Vá pra puta que o pariu
A censura suspendeu Vinícius por 30 dias e na sequência da temporada, foi colocada no palco uma cadeira vazia, a mesinha com a indefectível garrafa de uísque e um foco de luz denunciando a ausência compulsória do poeta.
Essas são apenas breves passagens de um ser humano ímpar, que se casou nove vezes, como se estivesse sempre querendo provar o que escreveu no seu “Soneto da Fidelidade”:
“E assim, quando mais tarde me procure / Quem sabe a morte, angústia de quem vive / Quem sabe a solidão, fim de quem ama / Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama / Mas que seja infinito enquanto dure”.
Por ser diplomata e também um grande poeta essencialmente lírico, os críticos (principalmente os cariocas) nunca perdoaram Vinícius quando ele se dispôs a enturmar-se com os “meninos e meninas” da bossa nova, gênero musical surgido na zona sul do Rio de Janeiro e que fazia enorme sucesso na década de 1960.
Tal atitude, somada à fama de boêmio inveterado e às suas apresentações em shows, onde invariavelmente havia uma garrafa de uísque escocês à sua disposição, incomodaram também os militares de plantão. Para quem não sabe, o Brasil foi violentado por um golpe militar em 31 de março de 1964. Em 1969, em memorando enviado ao chanceler Magalhães Pinto, o então presidente Costa e Silva dizia: “Demita esse vagabundo”. Assim, Vinícius foi bisonha e compulsoriamente demitido do Itamaraty. O Brasil pode ter perdido um grande diplomata, mas acabou ganhando um também grande poeta e letrista, só que daí pra frente em tempo integral.
O governo militar, reconhecendo o exagero da demissão, propôs reintegrá-lo aos quadros do Itamaraty. Vinícius não só recusou como sugeriu ao portador que o remetente da proposta a enfiasse num local bastante conhecido. Não se sabe se o remetente foi informado dessa sugestão do poeta. Mas, em 2006, 26 anos após seu falecimento, ele foi reintegrado ao Itamaraty. Provavelmente, se vivo ainda fosse, teria aceitado o “perdão” vindo de um governo democrático legitimamente constituído através do voto popular.
Finalmente, em junho de 2010, Vinícius foi promovido post mortem a Ministro de Primeira Classe da carreira de diplomata.
Em 1974, quando já havia sido demitido do Itamaraty, Vinícius, Toquinho e o Quarteto em Cy lançaram o show Encontro, baseado no disco lançado no mesmo ano e que tinha, entre outras músicas, Como é Duro Trabalhar, A Carta Que Não Foi Mandada, Carta ao Tom 74, Samba pra Vinícius e As Cores de Abril. O ano anterior havia sido cruel, pois levara embora três grandes Pablos – Neruda, Casals e Picasso. Num dos momentos do show, Vinícius lamentava profundamente essa perda num poema de seis estrofes, sendo que a última delas reservava um forte desabafo:
Três líderes cuja morte
O mundo inteiro sentiu
Oh, ano triste e sem sorte
Vá pra puta que o pariu
A censura suspendeu Vinícius por 30 dias e na sequência da temporada, foi colocada no palco uma cadeira vazia, a mesinha com a indefectível garrafa de uísque e um foco de luz denunciando a ausência compulsória do poeta.
Essas são apenas breves passagens de um ser humano ímpar, que se casou nove vezes, como se estivesse sempre querendo provar o que escreveu no seu “Soneto da Fidelidade”:
“E assim, quando mais tarde me procure / Quem sabe a morte, angústia de quem vive / Quem sabe a solidão, fim de quem ama / Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama / Mas que seja infinito enquanto dure”.
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Bibliografia de referência:
a. Histórias de Canções – Toquinho: João Carlos Pecci e Wagner Homem
b. Recortes de jornais das épocas referenciadas pertencentes ao autor do texto
b. Recortes de jornais das épocas referenciadas pertencentes ao autor do texto