QUE DELÍCIA!
O ‘Bolo cor-de-rosa’ da Lenapena me despertou lembranças...
Mamãe não gostava de cozinhar, mas adorava fazer doces e bolo. Não desses recheados e enfeitados com cobertura e confeitos, era o bolo comum, que ela chamava de ‘bolo inglês’. Deve ter inventado isso, só para dar um nome, porque sabia muito bem que o bolo inglês era outro, com passas e frutas secas. Eu repeti a história, dizendo a meus filhos que meu bolo – o único, de sempre – era o ‘bolo amarelo’, que mais tarde eles apelidaram de ‘bolo de bolo’, pois na casa dos outros sempre havia bolo ‘de alguma coisa’... de fubá, de chocolate, de cenoura...
Quando pequena ainda, eu tinha uns sete anos, decerto para me ensinar ela pedia que eu ficasse ali ajudando. Enquanto ela batia a manteiga e os ovos, eu peneirava a farinha, a maisena e o fermento em cima de uma folha de papel de pão, que misturados deviam ser despejados aos poucos. Ela não parava de bater e o fazia com tanto vigor que mais parecia uma máquina. Dizia que vovó é que a ensinara assim, depois de colocado o fermento tinha que ir mais rápido. Para mim, quanto antes ela terminasse, melhor, pois eu não via a hora daquela massa ir para o forno. O que eu esperava com a maior ansiedade, mais do que o bolo quentinho, fofinho e cheiroso, era raspar o tigelão! Delícia das delícias!