MATANÇA DE CRIANÇAS.

Saio pela manhã para minhas habituais corridas e subir morro, que exige mais esforço. É o vício pelo exercício que meu corpo cobra desde a adolescência em variadas modalidades e permite ter o mesmo peso desde trinta anos.

Retorno e paro em frente à banca de jornais para conferir as manchetes de primeira página. Diante das notícias somente eu ao lado de uma senhora que lá já se encontrava.

De imediato ouço um soluço discreto como a existir um choro vindo daquela senhora, em relação a mim, muito mais baixa. Me pergunto, será que ela está chorando, já que estava de cabeça baixa e não dava para perceber bem pela diferença de altura.

Então o soluço torna-se mais alto e abaixo minha cabeça e vejo que ela está com as mãos entre os olhos e os óculos a desviar copiosas lágrimas que descem de seus olhos. Preocupado perguntei: a senhora precisa de ajuda? Ela respondeu negativamente, abafando o choro e me dizendo: moço, olha que absurdo!

Aponta a primeira folha do jornal “Folha de São Paulo” estampando em sua primeira página devastadora foto gigante de uma criança em pele e osso, da Somália, África, em completa desnutrição, olhos esbugalhados.

Disse eu: é a maldade humana minha senhora, ninguém tem essa sensibilidade que a senhora mostra, poucas pessoas. Nada ou quase nada podemos fazer.

A guerra por proteínas é esquecida, matam-se crianças tranquilamente, ação e omissão, direitos humanos mínimos inexistem.

A punição está vindo aos poucos, começa a se mostrar no esgotamento econômico pela selvageria dos "ismos" sequenciais no curso da história, todos envolvendo o ego "ïsmo".

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 05/08/2011
Código do texto: T3141367
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