UM AMIGO QUE É UMA BRASA MORA(Tõe Mora)

Quem nos anos setenta nunca se embalou ao som das canções cantadas por ele e ao som do seu violão ou da sua guitarra? Quem nunca se embalou nas serenatas tocadas por ele a pedido de um apaixonado namorado, nas madrugadas estreladas de Santa Maria da Vitória cortando o silêncio da noite e madrugada com suas canções, voz e acordes? Quem nunca dançou ao som tocado por ele com sua voz cantando inúmeras canções dos anos setenta, no Clube Dois de Julho, na Almasa, no Barkinho Clube, no bar Santa Clara ou nos Ranchões da beira do rio Corrente? Ou acompanhando os estudantes em apresentações que necessitavam de violão e músicos, do centro Cívico do Colégio Popular Oliveira Magalhães? Certa vez, no casamento de Bêa e João, nos anos setenta, ele, a pedido de tia Elzinha, Silvia, Vivian, e outras pessoas, montou um conjunto com amigos para tocar na festa de casamento e rivalizar com a orquestra Seis de Outubro, tornando aquele momento totalmente inesquecível para os nubentes e para nós.

No casamento religioso de Suely Soares, neta do maestro Antonio Soares com Renato, um jovem bancário do Banco do Brasil, lá estava ele na igreja, acompanhado de um violão cantando a canção: Hei de casar com Maria, na festa da padroeira, e deixar morrer de inveja, as moças namoradeiras...., do Tarankon, abrilhantando mais ainda aquela cerimônia de casamento eternizando aquele momento para o casal Renato e Suely.

Ele é fã ardoroso do rei Roberto Carlos, e, em razão disto ,herdou um dos bordões do rei como apelido. Ele adorava vestir calças boca de sino que ia se arrastando no chão, varrendo e deixando maracas por onde ele passava. A sua barba dava a ele a aparência de John Forgerty, líder dos Creedences. Sempre que eu o via, achava que estava olhando para um dos Creedences ou para Raul Seixas, tamanha a semelhança da barba.

Ele pertence a uma família de músicos naturais e, ele, como os Beatles, quando resolvia tocar um instrumento novo, em poucas horas o conseguia com muita facilidade,dom herdado do próprio pai, Altamiro.

Certa vez ele soube que eu cantava a música Have You Ever Seen The Rain? Ele foi até a livraria onde eu trabalhava para que eu cantasse a musica . Cantei toda a música acompanhada no violão por ele, só que o inglês que eu cantava era um inglês de embromação. Por exemplo: No refrão que é o título da música eu cantava assim:Aronô reve ló sim droem , aronô,revê ló sim droem, camindó a sin do ei. Mesmo assim, fiquei feliz por cantar pessimamente mal mas acompanhado do nosso maior ícone musical da nossa cidade naquela época.

Recentemente tomei conhecimento da grande homenagem que foi prestada em Correntina pelos filhos, netos, parentes e amigos, para dona Laurinda, esposa do mestre Raimundo Martins da Costa por ocasião da passagem do seu aniversário, que por sinal é a mesma data do meu aniversário,e, diante de tantas alegrias citadas pelo Flamarion, com netos e netas cantando e tocando instrumentos ( Como Iozinho ficaria orgulhoso, ele que sempre amou as artes) foi citada a participação do meu amigo, do nosso amigo, músico de Santa Maria da Vitória,orgulho da minha geração e, diante da felicidade com que o amigo Flamarion citou a participação dele na homenagem a sua mãe a queridíssima dona Laurinda, confesso que me senti tão orgulhoso com a citação, que os meus olhos ficaram molhados de lágrimas.

Estou falando de Toe Mora, hoje também chamado de Toe do Ranchão na cidade de Correntina. Toe Mora faz parte da minha vida, e da vida de muitos da minha geração, com a sua amizade e a sua arte de tocar, cantar e encantar. Toe Mora, você está no HD da minha memória e obrigado por você abrilhantar a festa da Dona Laurinda! Ela merece! Os filhos dela merecem! Os netos dela merecem! Nós os santa marienses sentimos orgulhos de você! Particularmente eu.

VOCÊ É UMA BRASA MORA(Amigo Antonio)

Joãozinho de Dona Rosa.