Polícia - 1...2...3...Gravando!
Resolvi escrever essa crônica após ter passado por uma Blitz falsa. Quer dizer, a blitz era da policia, os agentes eram da Lei, existia sim luzes brilhantes e giratórias em cima dos carros, homens de farda, rapazes armados, e uma droga de formigueiro, cheio de formigas-soldado, que me deixaram seqüelas pelo corpo, bem no lugar que eu parei meu humilde garango pra que o gentil soldado me pedisse dinheiro.
É que eles estão evoluindo. Estão virando atores também.
Ah Brasilzão que tanto amo, porque te maltratam tanto? Viver aqui é muito bom, porém algumas coisas estragam. Esses dias assistia a uma reportagem policial na TV, uma dessas reportagens que encantam o povo e fazem a audiência daquele canal ir lá nas alturas. Ocorre que, algumas reportagens são subliminarmente falhas, mas eles acham que estão abafando. Bom! A emissora não tem nada a ver com isso, ela quer é vender a notícia, se possível dada em primeira mão. Essa era a seguinte: uma batida policial ao “escritório” de agentes do tráfico revelava que esses agentes tinham como cúmplice, alguns Agentes da Lei. Não sou eu que estou dizendo, era a reportagem. Só que essa não era a essência da reportagem - correlacionar a participação de Agentes da Lei com traficantes – Não! a essência era mostrar a eficácia da polícia ao desmantelar um escritório de tráfico. Então o sargento lá, que no caso estava mais preocupado com a câmera do repórter do que com a batida em si questionava e interrogava com um ar de ator de filmes de ação boliviano que dava dó, o meliante.
- Quer dizer que você conseguiu esse rádio de rastreamento de freqüências da polícia, que pertencia à polícia?
Bom, o linguajar era bem mais esdrúxulo do que isso, mesmo ele se esforçando pra ter classe ao lidar com o bandido, já que sabia que estava ficando “famoso”.
E o meliante, “coitado”, de cabeça baixa respondia.
- Sim...
- Me diz como esse rádio junto com esses coletes da polícia vieram parar aqui nesse escritório do tráfico?
- Blá...blá...blá...
Perceberam a falha subliminar da reportagem por parte dos Agentes da Lei?
Ora, como meliantes conseguiriam equipamentos de uso exclusivo da polícia?
Rádios, coletes, walk talks...
Melhor não comentar.
A batida policial que deveria ser entendida pelo povo pela seguinte nota como:
“mais uma ação bem sucedida da polícia, que desmantelou escritório do tráfico”
DO TRÁFICO, heroína, crack, maconha, etc.
Teve como maior utilidade deixar claro a existência de bandidos fardados rondando por aí.
Que inocência! Que ingenuidade! Uma reportagem que serviu para evidenciar uma certa sujeira da própria classe, e toda comandada por um simpático Agente da Lei. Ele ficava bem na TV, usava bigode.
Quem é quem?
Pra terminar, o Agente da Lei ainda deu uma entrevista como o herói do ano, enquanto a emissora se divertia com o pico de audiência alcançada pela reportagem sobre tráfico de drogas. DE DROGAS.
Claro! Não dá pra generalizar, existem raríssimas exceções, como o cára que abateu o atirador da escola de Realengo, e tipo o cara que me pediu uma nota pra liberar o caidinho lá na blitz.
Além do mais esse rapaz da reportagem deve ter sido pego em uma baita “saia justa”, pois nem devia saber que encontraria ali mais rádios e coletes da polícia do que drogas propriamente dita.