O TEMPO DA PEDRA DE ANIL.




Hoje não encarei a caminhada matinal. Faz muito frio, o céu está da cor azul/anil. Igual aquela pedrinha, que meu avô vendia no seu armazém, e minha avó dissolvia na água do tanque, para enxaguar as roupas brancas.
Ela jogava as pedrinhas na água, e me deixava mexer com as duas mãos e parecia mágica aos meus olhos de criança, a água ia tingindo-se de um azul da cor do anil.
Lá as roupas brancas eram mergulhadas depois de bem alvejadas, e deixadas para quarar em cima do canteiro de buxinhos, ao sol.
Ah, pra mim, parecia que as peças de roupas alvas, se alegrevam ao mergulhar dentro do tanque cheio do líquido azul.
Saiam dali com um branco azulado brilhante, e no varal faziam inveja ao sol, que mal humorado escondia-se por entre as nuvens, pra não se deixar ofuscar.
Céu como o de hoje, me faz lembrar o tanque azul anil de minha avó, e de seus varais de roupas brancas/azuladas a dançar ao sabor do vento.
Sempre achei os varais interessantes, até já escrevi sobre eles, na minha fervilhante imaginação, eles contam histórias.
Se tivesse a arte da pintura, certamente, muitos varais iria pintar em coloridas e alegres aquarelas.
Como nada pinto, atualmente nem o sete, sigo escrevendo sobre eles. Os encantadores varais.

Bom, como contava que não tive coragem pra caminhar, mas não deixei de me exercitar. Fui para a esteira e lá percorri cinco quilometros. Ah, pra conseguir essa façanha sem ficar por demais enfadada, eu viajo, imagino-me a percorrer lindos bosques, às vezes volto ao meu quintal lá na vila simples da infância, e quando regresso desses voos sem asas, olho no visor da esteira e já completei o percurso.

Na vida é preciso ter pra onde ir, quando o que estamos a fazer, não trás encanto, mas é necessário ser feito.
Eu sempre busco refúgio em lugares e momentos especiais, de outra maneira certas atividades eu deixaria por fazer.
Exercitar-me é uma delas, quem sem as asas da imaginação, eu com certeza não conseguiria.
Hoje, enquanto vencia o percurso, fiz mentalmente minha mala pra próxima viagem, montei na cabeça, uma palestra que preciso dar amanhã, e passeei feliz por caminhos distantes do físico mas pertinho da memória.

Agora é começar a lida das atividades do dia, com a adrenalina e endorfina em alta, pois a atividade física pode ser enfadonha e cansativa, mas o depois..... ah, o bem estar que sinto compensa o esforço.



Lenapena
Enviado por Lenapena em 04/08/2011
Reeditado em 09/11/2011
Código do texto: T3138778