CALÇADAS

Uma das coisas que chamaram minha atenção para a cidade de Carpina, quando estava procurando um local para morar, foram as calçadas do centro da cidade.

Nas principais ruas do comércio, as calçadas são largas e uniformes propiciando meio seguro de locomoção para todos, principalmente os cegos, cadeirantes e portadores de quaisquer problemas limitantes, que o politicamente correto intitula de “necessidades especiais”.

Mas talvez pela ausência do poder coercitivo da prefeitura, através da secretaria a quem o problema está afeito, grande parte das calçadas dos bairros foge ao padrão das calçadas do centro.

Andar pelos bairros é praticar exercício com obstáculos.

As calçadas variam de uma casa para outra, com diversas alturas, inclinações, tipos de piso (muitos deles derrapantes) e como se fora prolongamento dos muros das laterais dos terrenos, murinhos da altura de um tijolo de oito furos, ou mais, separando as frentes das casas, em total desrespeito ao pedestre que, quer queira quer não, tem que trafegar pelo calçamento das ruas, nas áreas destinadas aos veículos, assumindo o risco de ser atropelado.

Há ainda os que colocam banquinhos e mesas de concreto, simulacro de sala de visitas, que realmente impedem a passagem.

Nós sabemos que o ser humano é um animal territorialista, que tem arraigado desde tempos imemoriais, o conceito de propriedade privada, que constrói cercas, muros, paredes e que é capaz de defender com a própria vida, qualquer pedaço de terra que considere seu, mas daí a transferir esse conceito para um bem comum, como é o caso das calçadas, sugere trauma de infância não resolvido, cuja compensação está em “possuir” uma calçada melhor, mais arrumada, mais bonita e principalmente diferente das dos outros vizinhos.

Ou seria a pura demonstração de egocentrismo exacerbado?

Neste caso, meus parcos conhecimentos, de Etologia e da Teoria do Imaginário, se vêm diante de um obstáculo que, para ser transposto, precisa do auxilio da Psicologia, da Antropologia ou da Sociologia.

Tem alguém aí que possa ajudar-me?

Ou seria melhor recorrer às “tias da pré-escola” para corrigir esse problema e evitar que ele se perpetue?