Poderia perfeitamente começar esse causo com... Era uma vez... Tão incomum, os relatos a seguir talvez possam parecer inverídicos. Caso meu único leitor assim ache, terei a defesa de meu amigo, poeta Luis Augusto Crispim, o mago das letras, que irônicamente nos privou de suas crônicas diárias, onde fartava-se de usar nossa casa como tema. Bem, mas meu amigo afastou-se porque foi convocado por alguém de outro plano. Fazer o que...
Na verdade éramos completamente fora dos padrões, ditos normais. Quando ecologia e vegetarianismo ainda não era moda, praticávamos ambos, como algo normal e indispensável. O respeito a natureza era a palavra chave.
Bem, mas hoje quero centralizar essas linhas numa pessoa, digo, em um bicho. É até um absurdo chamá-lo assim, mas facilitará para voce, o entendimento dessa história.
Morávamos numa casa grande localizada no melhor bairro de João Pessoa, daí entende-se porque seria impossível consiliar bichos de grande porte nessa casa. Mas, mais uma vez rompemos com as convenções.
Numa manhã qualquer, ao sairmos de casa nos deparamos na rua com uma cena: Um pequeno jumento expirava em pleno leito da rua. Paramos o carro e fomos até ele. Era realmente um caso fatal. Certamente havia sido abandonado pela mãe e também pelo dono que não viam como recuperá-lo. Demandava tempo e dinheiro. Um rápido olhar e já havíamos decidido o destino do jumento. O colocamos dentro do carro e voltamos para casa. Adeus às aulas programadas, mas era plenamente justificado o feriado... Nossa família tinha mais um membro, Era exatamente assim que entendíamos. Após os primeiros socorros e um bom banho no gramado da casa com direito a sabonete Pfebo, a jumenta, que de início pensávamos ser um jumento, estava bem melhor. Seus machucados foram devidamente cuidados e ela já ficava de pé. Era chegada a hora do batismo. Após algumas sugestões dos seis membros da família o nome encontrado foi Jira. Lógicamente Jira passou a ser o centro das atenções da família Goldfarb. A timidez da chegada foi logo substituida por uma liberdade sem par. Jira já andava em todos os cômodos da casa. Era escovada diariamente, perfumada, e nada mais restava daquela Jira mendiga terminal. que um dia aportou em nossas vidas. Jira aceitava a nova vida e nos devolvia a adoção com muito carinho..
Nossa chegada diária em casa agora era anunciada com um relincho exagerado da dita cuja. Desnecessário dizer que os empregados e os vizinhos nunca apoiaram o aumento de nossa prole.
Bem, mais isso é outra história. Hoje foi só a chegada de Jira.
Acompanhe os próximos capítulos...