Recepção
Das muitas vezes que me aproximo do parapeito deste castelo medieval, sempre limitado pelo blindex da fachada, aparece algo de empírico que me ponho a perceber. Nesta manhã já caminhando para a hora do almoço, fiquei por alguns instantes fitando a receptividade das gaivotas para com um humilde barco de pesca que adentrava pelo Canal do Itajuru. Tentando perceber apesar da distancia a infindável quantidade dos pássaros, pude apenas entender a alegria da presença daqueles pescadores em sua nau; naquele instante, um momento mágico, e tão irradiante criado pelas aves que ali lhes escoltavam caminho adentro, era como desfile militar, com as crianças a vislumbrar as bandas, num movimento de alegria constante, os animais faziam vôos rasantes e passavam próximas a quilha do barco, subiam, desciam, se enrolavam e entrelaçavam-se, eram muitas, e que recepção! Algo bem diferente quando vislumbro daqui imponentes iates canal adentro, que recebem uma fria recepção, diria até que sobra apenas a curva da maré criada pelos motores das naus, e, nada mais, quão grande é a inteligência e percepção daquelas gaivotas em saber a quem ciceronear, afinal, cada um tem a recepção que merece.
Onofre Junior - Um sonhador