APRENDENDO A APRENDER...
Por Carlos Sena
Quero lhe dizer que não sei o que quero. Porque eu cresci aprendendo tudo que me disseram que era certo, mas não era. Aprendi, por exemplo, que a gente tem que ser educado, mas agora, com a vida em curso, eu tenho que desaprender isto porque a educação na forma que me disseram gera subserviência. Aprendi, também equivocadamente, que a gente tem que casar e ter filhos, como condição de felicidade. Na condição de solteiro e sem filhos, sinto-me feliz e sem culpas, principalmente porque meus amigos casados e com filhos são escravizados por eles. Aprendi, igualmente, que a gente não só morre velho, mas se morrer assim, não tem a alma garantida no reino dos céus – porque dos mais experientes tem nos chegado as maiores torpezas. Aprendi que não há simetria na vida – ela acontece em vieses variados e contraditórios e que em cada agrura a gente tira proveito e constrói sabedoria. Aprendi nesse contexto de sapiência que cada um tem dentro de si a sua própria certeza cercada de sabedoria por todos os lados. Aprendi, inclusive, que a maravilha da vida está na convivência respeitosa entre os bons e os maus, sábios e rudes, bonitos e feios, homens e mulheres de boa vontade. Do amor, tenho certeza que aprendi pouco, pois o que me ensinaram no passado foi pertinente ao amor egoísta, estético, panela e texto, cara metade, banda da laranja – amor ciumento, controlador, possessivo, “capitania hereditária”... Da amizade, reaprendi do meu jeito: amigo não é banco, nem é psicanalista, nem eletricista, nem quebra-galho – amigo simplesmente é e pronto. Nessa prontidão firma-se respeito, o olhar, a confiança estabelecida nos processos de convivência diários...
Quero dizer que não sei o que quero, mas acabo descobrindo que sei. O diferencial é que agora o meu saber tem a minha participação direta – eu disponho de mim em minhas decisões de vida e de felicidade. O melhor disto é que mesmo isto eu tive que aprender. Por isto, aprendi que cada coisa tem seu valor, mas que o valor maior delas é o que nós lhe damos por nossa própria conta. Aprendi, finalmente, que o tempo é nossa grande ilusão na vida e que ele nos martiriza porque nos joga na cara que não somos imortais.
Por Carlos Sena
Quero lhe dizer que não sei o que quero. Porque eu cresci aprendendo tudo que me disseram que era certo, mas não era. Aprendi, por exemplo, que a gente tem que ser educado, mas agora, com a vida em curso, eu tenho que desaprender isto porque a educação na forma que me disseram gera subserviência. Aprendi, também equivocadamente, que a gente tem que casar e ter filhos, como condição de felicidade. Na condição de solteiro e sem filhos, sinto-me feliz e sem culpas, principalmente porque meus amigos casados e com filhos são escravizados por eles. Aprendi, igualmente, que a gente não só morre velho, mas se morrer assim, não tem a alma garantida no reino dos céus – porque dos mais experientes tem nos chegado as maiores torpezas. Aprendi que não há simetria na vida – ela acontece em vieses variados e contraditórios e que em cada agrura a gente tira proveito e constrói sabedoria. Aprendi nesse contexto de sapiência que cada um tem dentro de si a sua própria certeza cercada de sabedoria por todos os lados. Aprendi, inclusive, que a maravilha da vida está na convivência respeitosa entre os bons e os maus, sábios e rudes, bonitos e feios, homens e mulheres de boa vontade. Do amor, tenho certeza que aprendi pouco, pois o que me ensinaram no passado foi pertinente ao amor egoísta, estético, panela e texto, cara metade, banda da laranja – amor ciumento, controlador, possessivo, “capitania hereditária”... Da amizade, reaprendi do meu jeito: amigo não é banco, nem é psicanalista, nem eletricista, nem quebra-galho – amigo simplesmente é e pronto. Nessa prontidão firma-se respeito, o olhar, a confiança estabelecida nos processos de convivência diários...
Quero dizer que não sei o que quero, mas acabo descobrindo que sei. O diferencial é que agora o meu saber tem a minha participação direta – eu disponho de mim em minhas decisões de vida e de felicidade. O melhor disto é que mesmo isto eu tive que aprender. Por isto, aprendi que cada coisa tem seu valor, mas que o valor maior delas é o que nós lhe damos por nossa própria conta. Aprendi, finalmente, que o tempo é nossa grande ilusão na vida e que ele nos martiriza porque nos joga na cara que não somos imortais.