HOMEM É COMO O ÁLCOOL
Ontem em conversa com uma paciente que andava meio abatida, ouvi o seguinte desabafo:
“Eu e meu marido costumavam conversar sempre sobre os nossos dias, era uma cumplicidade imensa. Nós costumávamos ir ao Motel toda semana, depois passamos ir só no dia do pagamento e depois deixamos de ir, ele não queria mais. As conversas também foram escasseado até que em casa ele comia, lia jornal e assistia televisão. Eu sentia como se ele me escapasse pelos dedos. Um dia por já não me sentir bem com aquela situação, disse a ele: - Você está muito ausente, distante de mim. Se por acaso não quer mais ficar e fica por obrigação ou se arrumou outra que esteja te satisfazendo mais, não tem problema pode ir. Nós não precisamos brigar e nos tornarmos inimigos.
Ele respondeu já arrumando as malas:
- Eu vou porque você está me mandando. Eu estou bem contigo, por mim vivia a vida toda com você.
Então ele se foi jogando sobre mim a responsabilidade. Semanas depois encontrei com um amigo em comum que disse:
- Fiquei super triste com a separação de vocês.
E no meio da conversa soltou:
- Ele voltou para aquela mulher né?
Respondi fingindo saber de tudo:
- Voltou
E ele completou:
- Eles haviam sido noivos no passado, essas coisas sempre deixam rastros. E o neném já está pra nascer, eles estão morando na casa da mãe dele.
Me despedi com sorrisos e um abraço ainda fingindo, entrei no ônibus e fui aos prantos para casa.”
Essa paciente tem 60 anos, mas relatos parecidos podem ser observados em mulheres de várias idades.
Percebo que independentemente da idade ou do motivo que leve a um homem não querer mais um relacionamento, é muito comum o homem não expor suas intenções em palavras.
Homens, não todos, são como álcool. Não terminam evaporam esperando que a mulher perceba tomando para si a decisão e a responsabilidade do fim da relação. Só que até que isso ocorra, a dor causada por esse distanciamento gradativo e não assumido, causa conseqüências terríveis no intimo da mulher. Pois enquanto eles se evaporam, elas se prendem a esperança da lembrança de um homem que um dia ele foi para ela e que hoje não é mais.
A vida é um déjà vu. Porque não aprendemos?