A pescaria

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– A pescaria foi boa?

– Foi nada, mulher! Nem piabinha a gente pegou...

– Deve é de ter sido ótima! Você pescou até uma roupa nova, não foi?

Lazarelli, o marido, apesar do bucho que exorbita, prolapsado, barriga afora, tenta passar em revista as próprias vestes.

– É que...

– É que faz dois dias que você saiu de casa pra pescar, de sandálias de dedo, sóbrio; e me chega agora, embriagado, cheirando a perfume de boteco, sem os benditos peixes!

– É que...

– Onde você deixou suas bermudas e que calça coladinha é essa que você arrumou, homem de Deus? Onde diabos e com quem você pegou isso pra vestir? E esse cheiro horrível de peixe morto...

– É que...

– É que é uma ova!

'Isso é que é mulher!' - pensa Lazarelli, resplandecente.

Imediatamente, liga para o parceiro de pescaria e esbraveja:

– Ei, coligado! Tem como você vir deixar as ovas dos peixes aqui em casa agora? É que a mulher está uma fera comigo...

Crato-CE, 2 de agosto de 2011.

11h23min

Nijair Araújo Pinto
Enviado por Nijair Araújo Pinto em 03/08/2011
Reeditado em 10/08/2011
Código do texto: T3136290
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