AO HOMEM, AO PAI
Quando conheci o homem, era ainda muito pequena...
Ele chegou assim, num olhar doce, com suas mãos grandes.
_Conheci a ternura.
Sua voz tão grave, presente nas horas onde o alimento chegava, sua vida, seu trabalho.
_Conheci o porquê de suas mãos grandes.
Tão estranho parecia esse ser, que tão pouco ficava conosco...queria mais desse homem, que agora sabia ser meu Pai.
_Conheci o amargo da ausência.
Sua presença era um hábito, servindo, na vestimenta, na alimentação, em sóbrias palavras, deixava um relacionamento puro e constante.
_Conheci a profissão de um Pai.
Já não gostava que aquele homem, com tanta ternura e um cheiro gostoso, quando entrava em casa, tivesse como profissão, ser Pai, então pedi a ele, que não trabalhasse mais como Pai.
Num sorriso largo e num abraço forte, me explicou que precisava trabalhar, não porque era Pai e sim porque o homem tinha que levar o que sua família precisava para viver...
E ele tinha orgulho em poder levar o alimento, não só do corpo, mas também da alma de sua família.
_Conheci então a luta.
Não mais tão pequena, defrontei-me com novas regras vindas de meu pai. Aquele que parecia ser um homem legal, tornou-se um cobrador de atitudes e, num processo crescente, queria que o intelecto, fosse um caminho obrigatório para uma realização profissional, no cumprimento de sua luta.
_Conheci a cobrança pela vida.
Já tão moça, não tinha mais encanto por aquele homem, mas o respeitava por sua luta e assim busquei honrar e entregar o tão esperado diploma.
Ainda que me encontrasse feliz por concluir um passo tão importante, me restava uma pequena mágoa daquele Pai, mas entendi sua lágrima, ao ver-me realizando um caminho.
Senti então que tudo fora por querer minha segurança.
_Aí conheci a vergonha.
Algo ainda faltava para entender esse Pai e não sabia quando iria entender, sentia um espaço entre nós.
Já mulher, numa tarde, ele sentado em sua poltrona de sempre, disse:
"-Minha filha, o relacionamento dá o sentido da vida e com o limite dela, encontramos o gosto de viver. Há quem consiga prolongar essa vida, realizando um ato, mas o que, muitas vezes, parece distante, é o que está mais perto.
Se lhe faltei com palavras de afeto, ou atos, saiba que, inúmeras vezes, ensaio como dizer o quanto me orgulho de você.
Quando você me olhava com olhos de recriminação,eu sentia a dor que você sentia e o que você nunca entendeu, é que é tão difícil para esse Pai, que só aprendeu até aqui, saber que, agora, sei tanto quanto você e isso faz eu me sentir pequeno, porque só aprendi a ser maior diante de um filho...
Me lembro de meu velho Pai, sempre o senti maior e hoje paro para imaginar quando ele sentiu-se como eu me sinto agora...
O que você não sabe é que suas noites, são minhas noites, seus passos, são meus passos, suas lágrimas, serão minhas também e sua alegria, será a minha paz.”
Com seus olhos, atrás dos óculos, banhados de lágrimas, eu o vi tão meu e o mundo parecia me refazer naquele momento.
Nesse dia, sentamos à mesa, todos reunidos como sempre...mas ele me permitiu que compartilhasse um cálice de vinho, junto a ele, na sagrada hora da refeição.
Nesse domingo, não aprendi apenas sobre o amor, sobre o ato sem medidas, entendi o que é respeito.
Esses e tantos outros valores e aprendizados, recebi de um homem, o meu Pai!
Adriana Leal
Texto revisado por Marcia Mattoso
Quando conheci o homem, era ainda muito pequena...
Ele chegou assim, num olhar doce, com suas mãos grandes.
_Conheci a ternura.
Sua voz tão grave, presente nas horas onde o alimento chegava, sua vida, seu trabalho.
_Conheci o porquê de suas mãos grandes.
Tão estranho parecia esse ser, que tão pouco ficava conosco...queria mais desse homem, que agora sabia ser meu Pai.
_Conheci o amargo da ausência.
Sua presença era um hábito, servindo, na vestimenta, na alimentação, em sóbrias palavras, deixava um relacionamento puro e constante.
_Conheci a profissão de um Pai.
Já não gostava que aquele homem, com tanta ternura e um cheiro gostoso, quando entrava em casa, tivesse como profissão, ser Pai, então pedi a ele, que não trabalhasse mais como Pai.
Num sorriso largo e num abraço forte, me explicou que precisava trabalhar, não porque era Pai e sim porque o homem tinha que levar o que sua família precisava para viver...
E ele tinha orgulho em poder levar o alimento, não só do corpo, mas também da alma de sua família.
_Conheci então a luta.
Não mais tão pequena, defrontei-me com novas regras vindas de meu pai. Aquele que parecia ser um homem legal, tornou-se um cobrador de atitudes e, num processo crescente, queria que o intelecto, fosse um caminho obrigatório para uma realização profissional, no cumprimento de sua luta.
_Conheci a cobrança pela vida.
Já tão moça, não tinha mais encanto por aquele homem, mas o respeitava por sua luta e assim busquei honrar e entregar o tão esperado diploma.
Ainda que me encontrasse feliz por concluir um passo tão importante, me restava uma pequena mágoa daquele Pai, mas entendi sua lágrima, ao ver-me realizando um caminho.
Senti então que tudo fora por querer minha segurança.
_Aí conheci a vergonha.
Algo ainda faltava para entender esse Pai e não sabia quando iria entender, sentia um espaço entre nós.
Já mulher, numa tarde, ele sentado em sua poltrona de sempre, disse:
"-Minha filha, o relacionamento dá o sentido da vida e com o limite dela, encontramos o gosto de viver. Há quem consiga prolongar essa vida, realizando um ato, mas o que, muitas vezes, parece distante, é o que está mais perto.
Se lhe faltei com palavras de afeto, ou atos, saiba que, inúmeras vezes, ensaio como dizer o quanto me orgulho de você.
Quando você me olhava com olhos de recriminação,eu sentia a dor que você sentia e o que você nunca entendeu, é que é tão difícil para esse Pai, que só aprendeu até aqui, saber que, agora, sei tanto quanto você e isso faz eu me sentir pequeno, porque só aprendi a ser maior diante de um filho...
Me lembro de meu velho Pai, sempre o senti maior e hoje paro para imaginar quando ele sentiu-se como eu me sinto agora...
O que você não sabe é que suas noites, são minhas noites, seus passos, são meus passos, suas lágrimas, serão minhas também e sua alegria, será a minha paz.”
Com seus olhos, atrás dos óculos, banhados de lágrimas, eu o vi tão meu e o mundo parecia me refazer naquele momento.
Nesse dia, sentamos à mesa, todos reunidos como sempre...mas ele me permitiu que compartilhasse um cálice de vinho, junto a ele, na sagrada hora da refeição.
Nesse domingo, não aprendi apenas sobre o amor, sobre o ato sem medidas, entendi o que é respeito.
Esses e tantos outros valores e aprendizados, recebi de um homem, o meu Pai!
Adriana Leal
Texto revisado por Marcia Mattoso