SOLICITUDE

Certa vez dois garotos receberam uma tarefa da professora de educação artística. Era um trabalho em dupla. Eles deveriam pintar uma paisagem. Desacreditando de suas habilidades artísticas eles resolveram pedir a uma amiga, vizinha deles, que o fizesse. Os três garotos tinham entre onze e doze anos. A menina, muito solícita, disse sim. No mesmo dia eles levaram para ela a tela que media 30x40 cm, um pincel e alguns potes de tinta guache. Imediatamente ela iniciou a empreitada. Trocou com eles algumas palavras a respeito de como seria a tal paisagem e pôs-se a trabalhar. Desenhou um gramado e no centro uma grande árvore. Logo começou a preencher com a tinta, verde para as folhas, marrom para o tronco e, como queria que fosse uma árvore florida, deu pinceladas com a cor rosa, várias delas, em meio à copa de sua árvore. Era muito prestimosa e estava tão concentrada na tarefa que quando percebeu que não tinha a menor habilidade para pintura ou desenho já era tarde demais, não tinha como voltar atrás e, aquilo estava horrível. Mas como havia começado tinha que terminar, e, a vergonha que estava sentindo, como admitir o fracasso, por isso ela tentava concertar daqui e dali e, pobre menina, piorava cada vez mais. Os meninos logo perceberam o equívoco. Eles diziam: - Já está bom! – Tudo bem! E a guria tentava melhorar arriscando novas pinceladas.

- Ok! Já está bom! Disse um dos meninos, e, praticamente arrancou das mãos dela a tela, recolheram as tintas e ela lhes devolveu o pincel. Eles foram embora, rapidinho, com a desastrosa obra de arte na mão e nem se lembraram de agradecer e, se agradecesse a menina nem iria escutar, tamanha era a vergonha que sentia. Ela ficou frustradíssima com o resultado horrendo de sua primeira pintura.

Pobre ex futura artista plástica, não fosse a sua solicitude exagerada, ela poderia haver dito que não sabia faze-lo, que não tinha experiência, que fizessem eles mesmos ou que procurassem outra pessoa para ajudá-los, poupando-os de tamanho constrangimento. Não se pode colocar a solicitude acima de tudo. Antes de dizer sim devemos analisar as circunstâncias e saber de nossas limitações para não incorrer no risco de não cumprir as promessas ou nos prejudicarmos para conseguir fazê-lo.

Um dia desses ouvi uma frase interessante: “ Não há nada de nobre em se apagar para que o outro brilhe.” Seria, realmente, pouco inteligente se prejudicar para ajudar alguém e, convenhamos, é necessário que os relacionamentos sejam do tipo ganha-ganha e de nenhum outro tipo, assim crescem todos! Isso não quer dizer que ganharemos sempre, em tudo, mas que é melhor e mais saudável viver o lado positivo da vida e é este que devemos buscar.

DoraSilva
Enviado por DoraSilva em 02/08/2011
Reeditado em 02/08/2011
Código do texto: T3135107
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.