Você e mais Ninguém

Olá!

Meu nome é Cristiane e tenho 35 anos. Sou natural de Duque de Caxias. Amo música, livros, cinema, dança do ventre e tri bombom lancy. Sou Vascaína ganhando ou perdendo. Amo minha família e meus poucos amigos verdadeiros incondicionalmente. Tenho 140 amigos no Facebook pq deletei uma penca de gente que nada tem a ver comigo. Desculpe-me se você é um deles. Não é nada pessoal. Tenho andado sem paciência pra quantidades, entende? Acredito que nem 3% de amigos e conhecidos sabem que eu frequentemente acordo de mau humor. A maioria deles nem imagina que eu às vezes acordo chorando, do nada. Outros tantos nem sabem o quanto eu questiono minhas escolhas e o quanto me atormenta (hoje) não saber bem o que o futuro me reserva. Pra eles, eu sou só mais um “contato”.

Muitos dos meus “amigos” no Messenger não querem saber que eu ganho mal, que eu me viro como dá pra pagar as contas, pra ser profissional e dona de casa também. Eles nem se importam se fazer o que eu faço me faz bem ou não. O quão difícil é desempenhar papeis. Amiga e mãe. Profissional e mulher. Motivadora e sorridente, sempre sorridente. Não, eles não querem saber dessas coisas. Mas a minha fotinha tá lá, decorando a lista de amigos deles.

Muitos dos que comentam minhas fotos no Orkut também não querem saber o que está por trás daquelas fotos, daqueles momentos. Não os culpo. Somos individualistas mesmo.

À medida que o tempo passa, eu percebo mais e mais que nos tornamos qualquer coisa oposta ao conceito de sociedade. Vivemos plenamente nas redes sociais, “curtimos” o status de nossos “amigos”; postamos vídeos, compartilhamos idéias e sentimentos; escrevemos depoimentos alegando amar eterno aos nossos amigos. Internet aceita tudo. Basta dar um clique.

Eu não condeno o mundo virtual, bem pelo contrário, eu sei bem que quanto mais velhos ficamos, maiores as distâncias entre nós e aqueles que cresceram com a gente. Moramos longe, criamos famílias, temos interesses próprios e não em comum. Ok, eu sei disso. Contudo, o que me entristece é saber que, na verdade, estamos sozinhos no mundo. Que enquanto alguns sofrem e questionam, outros nem percebem.

Nas redes sociais somos todos amigos. Estamos interligados 24 horas por dia. Podemos trocar mensagens, compartilhar vídeos e historias engraçadas. Postamos fotos pra mostrar pro mundo que somos felizes. Empilhamos feitos e divulgamos nossas proezas. Comentamos os posts dos nossos contatos. Sabemos de tudo e de todos. Superficialmente, é claro.

Clicamos e postamos. Adicionamos. Excluímos sem pudor também. Deletamos pessoas de nossas vidas como se, num passe de mágica, elas pudessem sumir do mapa também. Pelo menos do nosso. Fingimos uma aparente felicidade para impressionarmos os outros. Queremos fãs e seguidores. Escolhemos o que vai, o que fica. Só que, quando o dia acabar, será você consigo mesmo. E mais ninguém.

Até o fim.

Offline.