Ensaio sobre a dor

Domingo feliz, assim pode-se dizer de um almoço em família de boa parte da população civilizada. Boa comida, feita com todo carinho e muito bem acompanhada por vinho. Risos, novidades, fofocas e carinho de todos. É assim, a gente envelhece e colhe o que plantou durante nossa vida, uma bela família. E porque a dor?

Às vezes essa dor começa até antes da adolescência, mas você só presta atenção depois de muito tempo. Quando as pessoas a quem você ama começam a não precisar mais de você. Deixamos de influenciar as decisões dos nossos amores, e aí voltamos para dentro de nós mesmos e perguntamos: porque esse sofrimento?

Nós, desde que entendemo-nos por gente, fazemos escolhas, arbitramos nosso destino. Mesmo que estas decisões não nos agradem. É aí que começamos a crescer no fundo dos nossos corações a dor. Faça uma reflexão – quantas vezes decidimos nosso caminho circunstancialmente? Quantas vezes decidimos em função de outras pessoas? Somos pressionados, somos influenciados, somos cooptados, somos seduzidos. De todas nossas decisões, quando tomadas sem nosso verdadeiro consentimento, sem a nossa livre escolha, que são na realidade milhões de vezes que vivemos este instante, colhemos um pouquinho de dor. Mais adiante, de pouquinho em pouquinho nossos corações ficam sofridos, a dor não sincroniza ela simplesmente adiciona. A felicidade não, ela sincroniza, se expande, contagia e passa. A dor soma e permanece.

Alguns dirão: é falta de Deus! Pois bem, mas se a dor não é nada mais que uma vontade divina, uma provação. Algumas pessoas têm o dom de não guardar a dor, não carregar seu coração. Elas choram, gritam, esbravejam, são compulsivas, cometem injustiças, mas o resultado é se verem livre da dor. Outras pessoas não - perdoam, compreendem, acreditam e estimam, mas são caluniadas, subestimadas, humilhadas e desacreditadas.

A dor vem da contrariedade. Você já imaginou quanto de significado tem na palavra contrariedade? Você pode ser contrariado por ser egoísta, por ser arrogante, por ser um déspota, por ser mimado, por ser burro ou inteligente, por ser culto ou ser ignorante e além de outras qualificações por ser mau ou bom. Mas qualquer que seja o adjetivo, ela só acontece quando você se dedica! Matematicamente poderíamos ter uma equação de proporcionalidade – quanto maior a dedicação maior a contrariedade, consequentemente maior a dor.

Essa dor quando se manifesta, aperta nosso coração, deprime, ficamos em pânico, temos medo. Superficialmente malhar, beber um bom vinho, reunir com as pessoas de quem você mais gosta, rezar, meditar e mais um montão de atitudes faz com que você se livre da dor. São os conselhos gratuitos, aqueles que não cobramos.

Estou no processo de me livrar da dor: rever minhas escolhas? voltar ao passado? Ligar o foda-se? Ir ao psiquiatra e tomar remédio?

Não sei ainda o que devo fazer, mas vou começar pelo amor ao próximo, aquele que carrega seu coração de pouquinho em pouquinho com a dor. Quero descobrir que a melhor maneira para não perceber essa dor é amar, e muito. Quanto maior o amor dedicado, seu coração pode transbordar, você vai escolher, você vai decidir por si próprio!

Abaixo aos que pensam nos outros, vivem em função dos outros. Amar é muito melhor.

puccinelli
Enviado por puccinelli em 31/07/2011
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