O RIO É AZUL



 
          Chegaram em casa.
Do Forte de Copacabana.
Da refeição na Colombo de lá.
Mãe e filha.
     Enquanto a filha foi estacionar o carro, a mãe foi andando pela trilha de acesso ao Forte, protegido por guardas e controle na entrada.
     Uma trilha  bem larga até ao restaurante, margeando o mar do Posto Seis.
A mãe se desvia para a beira do mar e se debruça na balaustrada de pedra. E olha. A maresia suave invade as narinas e a alma com  o som da água batendo nas pedras na base da muralha do forte. Batem num ritimado ir e vir.
     Tudo muda.
     Tem hora que o ser humano se encontra com sua própria alma. Tudo mais se afasta e se torna nada. A água verde e transparente do mar raso expõe seu fundo de areia fina e limpa. E sob este tom verde ele é azul claro  e tudo é transparência.
     Agora que escrevo, meus olhos veem também esta beleza intimada desta mulher ali absorvida pela pela cor, harmonia e sonoridade perfeitas. É um poema vivo, vivido.
     A mulher se deteve mais, absorvendo aquela maresia e se delicia tanto, que vive aquela felicidade, um momento todo só seu. Ninguém sabe o tanto, e ela também não ouve mais os que passam pela trilha. Ela está só na amurada e se entrega ao mar. Ainda o sol colora a cidade. Copacabana está cheia de gentes do domingo. Mas tudo isto fica menos, é o que sente a mulher.
Seu olhar se alarga pelo mar até a praia que margea a Avenida Atlantica. O verde próximo da água, distanciado vai ficando azul, azul claro e transparente. Com ondulações suaves na superfície, que vem e voltam.
É a Praia de Copacabana, no ponto extremo geográfico do forte, fazendo a curva longa  do mar, da praia, acompanhando vem a avenida e os edifícios e as montanhas atrás.   E tudo azul, vai até a Pedra do Leme. Em segundo plano, o Pão de Açucar,  e à sua direita e além, as montanhas de Niteroi . A linha do horizonte...
     Olhos maravilhados, a mulher encontra sua alma serenada, que se deita no conforto destes azuis do mar, das montanhas e do céu.