EINSTEIN E A RELIGIÃO.
Imputado de descrente, ateu, de disseminar dúvida a respeito de Deus, Einstein erigiu religiosidade complexa e racional, apontando para a complementaridade entre religião e ciência.
“A ciência sem a religião é manca; a religião sem a ciência é cega”. Essa reflexão sua é bastante para perceber sua relação com a religião.
Meio século depois de sua morte Einstein é um dos personagens mais conhecidos do planeta. É quem, também, as pessoas menos cultas associam à ciência.
“Todas as especulações mais refinadas no campo da ciência”, ressaltava Einstein, “provêm de um profundo sentimento religioso; sem esse sentimento, elas seriam infrutíferas”.
Os avôs e o pai de Albert eram judeus, mas ele não foi criado segundo o judaísmo, as tradições judaicas. Aos seis anos frequentou escola pública católica, teve aulas de religião católica.
Nessa fase seus pais, para compensar, decidiram lhe ensinar princípios do judaísmo.
Sua infância foi por ele chamada de “paraíso religioso”, surgiu cedo esse sentimento interrogativo. Alexander Moszkowski, biógrafo de Einstein, entende que esse sentimento foi despertado pelo contato com a natureza, depois que se mudou para Munique. Einstein, contudo, deixou certo, em escritos particulares, que sua religiosidade forjara-se em sentimento de depressão e desespero e na constatação da futilidade da rivalidade humana na luta pela vida. A religião amenizava aflições. Estava presente sua racionalidade aguda.
Na idade em que devia realizar o bar mitzvah, confirmação judaica, Einstein se recusou a realizar. Jammer, outro biógrafo, vê na atitude sua independência à autoridade e à tradição. São princípios pessoais de sua forte personalidade que surgiram de sua amizade com Max Talmud, um estudante judeu pobre com quem Einstein conheceu matérias de ciência, geometria, matemática, e a labiríntica Crítica da Razão Pura, de Immanuel Kant.
Percebeu ele então como deixou escrito, que pelos livros científicos, muitas histórias da Bíblia não podiam ser verdade e os jovens eram enganados. Disse então: “Dessa experiência, nasceu minha desconfiança de todo e qualquer tipo de autoridade, uma atitude cética para com as convicções que vicejavam em qualquer meio social especifico. Essa atitude nunca mais me abandonou, embora, mais tarde, graças a um discernimento melhor das ligações causais, tenha perdido parte de sua contundência original”.
Einstein nunca concebeu ciência e religião como opostos excludentes. Um sinal dos grandes homens.
Certa feita lhe pediram para definir Deus, Einstein disse: “Não sou ateu, e não creio que possa me chamar panteísta. Estamos na situação de uma criancinha que entra em uma imensa biblioteca, repleta de livros em muitas línguas. A criança sabe que alguém deve ter escrito aqueles livros, mas não sabe como. Não compreende as línguas em que foram escritos. Tem uma pálida suspeita de que a disposição dos livros obedece a uma ordem misteriosa, mas não sabe qual ela é. Essa, ao que me parece, é a atitude até mesmo do mais inteligente dos seres humanos diante de Deus. Vemos o Universo, maravilhosamente disposto e obedecendo a certas leis, mas temos apenas uma pálida compreensão delas. Nossa mente limitada capta a força misteriosa que move as constelações. Sou fascinado pelo panteísmo de Espinosa, mas admiro ainda mais sua contribuição para o pensamento moderno, por ele ter sido o primeiro filósofo a lidar com a alma e o corpo como uma coisa só, e não como duas coisas separadas.”
Estamos diante do indissociável, que o homem de inteligência média, também, pode perceber. Não se necessita ser um gênio para perceber esse dualismo inseparável! .